Quilombo Águas Claras reforça tradições culturais no município sertanejo de Triunfo

Compartilhe nas redes sociais…

Nada como preservar a cultura. Afinal, a cultura é a identidade de um povo, não é não? E é por esse motivo que o Quilombo de Águas Claras realiza anualmente a Festa da Consciência Negra, um evento tradicional, que comemora o reconhecimento de Águas Claras como localidade remanescente de quilombola, oficialmente registrada pela Fundação Palmares. Após um intervalo devido à pandemia, o evento voltou a ser realizado em 2022, com presença de emboladores, grupos de coco, trios de forró pé-de-serra, bacamarteiros, emboladores. Com destaque, também, para o lado gastronômico, com  oferta de pratos típicos da cozinha local, como o angu e o munguzá salgado. Águas Claras fica no município de Triunfo, no Sertão do Pajeú, a 451 quilômetros do Recife.

Bacamarteiros de municípios vizinhos a Triunfo vieram prestigiar a festa da comunidade quilombola Águas Claras.

A realização da festa tem a proposta de trazer à memória a consciência negra, contar a história do quilombo, fomentando a cultura, saberes e tradições populares. “A realização da festa só fortalece as nossas tradições que vêm sendo mantidas vivas, através dos resgates das raízes culturais e da tomada de consciência histórica de como o racismo permeia a formação da sociedade brasileira”, afirma Vanilma Cavalcante,  coordenadora da Festa da Consciência Negra. Produtora cultural e agricultora,  ela reside na Comunidade de Remanescentes Quilombolas Águas Claras.  O vilarejo fica a doze quilômetros do centro de Triunfo, um dos mais graciosos municípios do interior pernambucano.

O forró do Grupo Só Triscando levantou a poeira no vilarejo Águas Claras, em Triunfo, de comunidade quilombola.

Além da programação musical e gastronômica, a 13ª Festa da Consciência Negra de Águas Claras contou com oficinas gratuitas de dança e percussão. A ocupação de Águas Claras data de 1850, com a chegada dos primeiros moradores. As casas foram construídas de taipa e pedras, utilizadas nas estradas, muros e cercas. Ainda hoje é possível encontrar moradias feitas de pedras, características da área rural de Triunfo. Como a casa de S. Anísio, morador mais antigo da comunidade.

O nome Águas Claras se refere a pequenas poças de água cristalina que existem no território, que nunca secaram. A história do quilombo foi registrada em 2006, através de moradores mais velhos. Em 2008, o Quilombo de Águas Claras foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Atualmente, 50 famílias moram em Águas Claras e 80% dos habitantes se reconhecem como pessoas pretas. Além da agricultura familiar, existe também a produção de artesanato, doces e licores. Na parte musical, o quilombo se destaca com o coco de roda, expressão popular que vem sendo repassada de geração em geração.

Abaixo, você confere a festa que vem sendo divulgada pelo grupo no Canal do Quilombo Águas Claras no Youtube:

Leia também
O último “rei perpétuo” de Pernambuco
Festival exalta o coco de roda
Mês da Consciência Negra:  desfile, palestras, igualdade racial
Ervas sagradas ganham sementeiras
Bahia tem ritual de paz e respeito à liberdade religiosa
Baobás de Pernambuco são sacralizados na Bahia
Trio expert em baobá, a árvore da vida
A árvore do esquecimento
Cortejo religioso em Salvador
Pipoca é alimento sagrado?
Ojás contra o racismo religioso
Contra as práticas de branqueamento
Navio alemão acusado de racismo
Navio Negreiro no Barreto Júnior
A simbiose entre a Igreja Católica e os terreiros
Pai Ivo de Xambá vira Doutor Honoris Causa
A sabedoria ancestral da Griô Vó Cici
A herança afro na música brasileira
Sítio Trindade tem gastronomia afro
Festa para São João e Xangô
Católica bota Xangô na ordem do dia
Qual o mal que lhe fez Yemanjá?
Michele Collins entre a mobilização dos terreiros e a pressão dos terreiros
Preconceito religioso tem reparação
Inaldete Pinheiro ganha homenagem
Uana Mahim: Sou preta, negra e fera
Moda Preto Soul: Viva a negritude!
Dia da Consciência Negra: Dicas de leitura
De Yaá a Penélope africana
Nação Xambá, 88 anos de residência 
Resgate histórico: Primeiro deputado negro do país era pernambucano
Os misteriosos tabaqueiros do Sertão
Caretas, caiporas, tabaqueiros
Entre mandus e caiporas
Lampião e o cangaço fashion e social
Livro sobre a Estética do Cangaço

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Guilherme Guache / Divulgação

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.