Quando o assunto é queijo de coalho – não vivo sem – há duas marcas que são as minhas preferidas, mas parece que não são tão conhecidas aqui no Recife. Até andei pesquisando na Internet, mas não vi referência a nenhuma das duas. Não sei se não entraram na disputa do 17º Show de Lácteos, que ocorreu na 32ª edição da Agrinordeste. Ou se foram desclassificados.
Tenho o maior respeito pelo queijo de coalho Capitolino e Gernol, e quando vou comprar já cito as duas marcas, como as que pretendo levar para a casa. Os dois são deliciosos. O primeiro é de Capoeiras, que é uma cidade que já foi vilarejo de Caetés, que era um distrito de Garanhuns. Hoje são três municípios diferentes. Costumo comprar o Capitolino no Mercado da Madalena. Tem excelente consistência, não é salgado e é furadinho. Gosto mais do coalho cru do que do frito ou na brasa e por esse motivo não gosto daqueles compactados.
O Gernol é tão bom quando o primeiro, mas só acho em Casa Amarela, principalmente no Mercado Público ou em lojinhas de comida regional (queijo de coalho, manteiga, carne de sol, linguiça, etc). Segundo consta nas embalagens, a fábrica fica em Bodocó, no Sertão do Araripe. Dou nota dez aos dois. Embora eles não venham iguais todas as semanas. Às vezes chegam mais secos, mais maciços, mas sabor é sempre bom. A textura também varia. Mas quando vêm na medida, compro logo um inteiro, esquartejo, congelo e vou separando os pequenos cubos, para consumo na medida da necessidade.

Soube hoje que esse queijo branco, que é tão a cara de Pernambuco, acaba de ganhar uma nova categoria: “Queijo de Coalho do Araripe” . A categoria foi criada este ano para prestigiar o produto típico daquela área do Sertão, pois ele é diferenciado da versão produzida no Agreste (a mais conhecida). Capoeiras, Caetés e Garanhuns, por exemplo, ficam no Agreste. O processo de fabricação do queijo do Araripe inclui uma massa cozida, resultando textura e consistência únicas, características que refletem a tradição e identidade da região. Assim que achar pelo Recife, vou experimentar este também. Nem sei aqui a gente consegue comprar com esse nome, “queijo de coalho do Araripe”. Mas vou pedir… Pena, soube agora que essa iguaria do Araripe não chega na Região Metropolitana.
Durante a Agrinordeste – que se encerrou domingo, no Centro de Convenções de Pernambuco – o 10º Concurso de Lácteos, que bateu recorde de participação, com 116 produtos inscritos por 55 laticínios. Eles foram avaliados por 11 jurados com base em três critérios: aparência, consistência e sabor. Destaque para queijos do tipo Cream Cheese e Boursin, fabricados em Pernambuco, que segundo chefs ouvidos pelo #OxeRecife, são de excelente qualidade. Chique, não é? Pois ambos são queijos bem sofisticados, e há quem ache estranho que estejam sendo produzidos na região de Caatinga.
Entre os chamados queijos frescos, o Cream Cheese premiado é o Valelac, do município de Pedra, que fica a 232 quilômetros do Recife. Já o Boursin Laticínio Produtos Venturosa (Venturosa) ficou em segundo. Outro Boursin classificado (terceiro lugar) foi o fabricado pelo Laticínio Ipojuca (Arcoverde). Venturosa se situa no Agreste, a 249 quilômetros do Recife. Já Arcoverde é a porta de entrada no Sertão, e se localiza a 255 quilômetros da Capital. A coordenação do concurso foi de Jefferson Fernandes (Sebrae) e da médica veterinária Vânia Lemos (ITEP).
Só de ver esses resultados, já deu água na boca…. E você? Vamos de queijos fabricados em Pernambuco? Veja os vencedores do concurso de laticínios, por categoria
Queijo de Coalho Artesanal:
1º lugar – Fazenda 2 Irmãos (Venturosa)
2º lugar – Queijo Nobre (Venturosa)
3º lugar – Laticínio Aciole (Buíque)
Queijo de Coalho Industrial:
1º lugar – Laticínio Produtos Venturosa (Venturosa)
2º lugar – Laticínio Costa Real (Buíque)
3º lugar – Laticínio Leta (Bom Conselho)
Queijo de Coalho do Araripe (nova categoria):
1º lugar – Laticínio de Brito (Granito)
2º lugar – Laticínio Caldeirão (Bodocó)
3º lugar – Laticínio De Leite (Araripina)
Queijo de Manteiga (que era antes chamado de Queijo do Sertão)
1º lugar – Laticínio Serra Grande (Itaíba)
2º lugar – Laticínio Produtos Venturosa (Venturosa)
3º lugar – Laticínio Puríssimo da Fazenda (Bom Conselho)
Doce de Leite Pastoso:
1º lugar – Laticínio Latte e Malate (Garanhuns)
2º lugar – Laticínio Produtos Venturosa (Venturosa)
3º lugar – Laticínio Ipojuca (Arcoverde)
Iogurtes:
1º lugar – Laticínio Valelac (Pedra)
2º lugar – Laticínio Polilac (Garanhuns)
3º lugar – Laticínio Coobellac (Alagoinha)
Inovações – Queijos Frescos:
1º lugar – Laticínio Valelac – Creme Cheese (Pedra)
2º lugar – Laticínio Belamente – Boursin com Damasco (Garanhuns)
3º lugar – Laticínio Belamente – Boursin com Azeitonas (Garanhuns)
Inovações – Queijos Maturados:
1º lugar – Laticínio Revivas – Queijo Valle Curado (Petrolina)
2º lugar – Laticínio Belamente – Queijo Flor do Camará (Garanhuns)
3º lugar – Laticínio Revivas – Queijo Nuvem (Petrolina)
Leia também
Gastronomia: Sabor do Campo faz o maior sucesso na Agrinordeste
Espaço Moda ganha destaque na 32ª edição da Agrinordeste
Pernambucano, queijo de coalho é destaque na Fenearte
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Agrinordeste

Que maravilha, os produtos derivados do leite se fortalecendo no agreste e sertão de Pernambuco.
Sou como você, adoro queijo de coalho. Poderíamos ir em excursão a essas indústrias e cidades. Grande reportagem.