Centro do Recife precisa de “Mais Vida”

Sinceramente, depois que a gente dá uma volta pelos altos do Recife, por onde tem passado o Programa Mais Vida nos Morros, termina pensando que o Recife está a merecer, também, “Mais Vida” no Centro, passando principalmente por bairros como o de Santo Antônio e de São José que estão em situação muito precária. Todas as pessoas que conheço que os visitam reclamam da degradação daquelas duas áreas tão importantes na vida e na história da nossa cidade. E é preciso um mutirão imenso, porque há de se limpar a sujeira, a poluição visual, a invasão de “quiosques” infectos que, de quiosques, só têm mesmo o nome.

Seria uma ação, reunindo várias secretarias (incluindo a Semoc). Bem que a população queria uma iniciativa dessa. No final de semana, o Mais Vida nos Morros mobilizou um mutirão de mais de 2 mil voluntários, que subiram as ladeiras e levaram cor e vida a 16 comunidades tidas como de vulnerabilidade social, tanto ao Norte quanto ao sul da Capital. E o centro do Recife – por onde andei domingo com o Grupo Caminhadas Domingueiras –  está em situação de vulnerabilidade estética e urbana. Uma mãozinha a mais para melhorar o visual de áreas como a Avenida Guararapes, Rua Nova e da Palma não faria mal nenhum à cidade. Nos altos do Recife, durante o fim de semana,  foram utilizados 24.400 litros de tinta para pintura de muros e fachadas das residências. Os altos receberam instalação de corrimãos nas escadarias, hortas, jardins comunitários, praças, mirantes transformados em ruas e escadarias brincantes. Também foram realizadas oficinas lúdicas para crianças. “Cerca de 600 famílias foram beneficiadas, nas 16 comunidades visitadas, e todo mundo colocando a mão na massa para promover grandes transformações”, declarou o secretário executivo de Inovação Urbana, Túlio Ponzi.

O centro do Recife também precisa de “mais vida”: logradouros e praças em petição de miséria, como a Dezessete.

O centro do Recife também precisa de uma injeção de ânimo, para melhorar o astral, para que praças históricas como a Dezessete não permaneçam na situação que vocês observam na foto.  Praças nessas condições não cumprem o seu papel e deixam de se transformar em espaços de convivência. Qual é o prazer que o morador do Recife pode ter ao sentar em um banco de praça  assim? Voltemos aos morros. No Alto do Dr. Caéte, no bairro de Macaxeira, zona norte do Recife, a comunidade foi contemplada com um espaço de convivência, batizada de Encontro dos Altos, onde as crianças poderão brincar. “Antes a gente tinha que descer para o parque da Macaxeira, agora ganhamos um espaço para as crianças brincarem em frente de casa e com mais segurança. A pracinha ficou linda”, disse Leticia da Paz, moradora do local.  Durante os mutirões, há rodas de conversa e oficinas de culinária sustentável, jardinagem e horta, artes plásticas, tecido, cordel, brinquedos sustentáveis, e ainda apresentações musicais.

Tudo isso é muito interessante, mas é muito importante  que além de pintar os morros, o Mais Vida desenvolva ações de sustentabilidade, com ações que estimulem a geração de renda e o turismo lá em cima. Se o morro fica bonito, é claro que todo mundo quer conhecer, visitar.  Informa a Prefeitura que o mutirão tem a ver, também, com o Programa Chegando Junto que promove ações nas áreas de assistência à população e apoio aos pequenos negócios. Vamos aguardar os resultados, para ver até que ponto o Mais Vida e o Chegando Juntos vão contribuir para realmente mudar a vida das pessoas que residem nos sempre tão esquecidos altos do Recife. O Mais Vida nos Morros que teve início em 2016 e já beneficiou diretamente mais de 15 mil recifenses em 12 comunidades. Recentemente foi internacionalmente reconhecido pela ONU-Habitat, da Child in The City e da Bernard Van Leer. Alô, alô, prefeitura, que tal  “Mais Vida” no Centro do Recife para deixar Santo Antônio, Boa Vista e São José mais bonitos?

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Andréa Rego Barros/ Divulgação / PCR

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