Que saudade do apito da locomotiva!

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Dá muita nostalgia, visitar o Museu do Trem, que funciona na antiga Estação Ferroviária Central do Recife, no Bairro de São José, e que foi o ponto final da última edição de 2018 das nossas Caminhadas Domingueiras. Já conhecia a instituição, mas no dia 9 de dezembro tinha um motivo a mais para visitar o Museu. É que o prédio onde ele está instalado foi inaugurado em 1888 pela Great Western of Brazil Railway Company. E está, portanto, completando 130 anos, período em que o transporte ferroviário trafegou entre os áureos tempos (séculos 18, 19 e início do 20) até chegar ao sucateamento completo no século 21. Hoje, o trem é só saudade e presença no imaginário popular.

Isso porque trens tradicionais já não circulam no Estado (onde só ha´metrô, assim mesmo precário). Até mesmo o Trem do Forró, que acontecia no mês de junho levando turistas do Recife a Caruaru, foi obrigado e reduzir o seu roteiro, por falta de condição de viagem. Semana passada, o Grupo Andarapé fez duas trilhas pelos trilhos (perdão do trocadilho) no município de Gravatá, passando por túneis que se transformaram em moradia de morcegos.  As linhas férreas hoje são percorridas a pé, como atração turística. No mundo inteiro, no entanto, o trem marca presença entre os transportes. Aqui virou peça de museu. E ao observar as vitrines, a gente percebe a sua importância e até mesmo a sofisticação do passado. As refeições no carro-restaurante, por exemplo, eram servidas em baixelas de prata e peças de porcelana. Ao observá-las, até lembrei das imagens do filme Assassinato no Expresso Oriente e a sua aristocrática elegância inglesa.

A Estação é, também, um exemplar da arquitetura do ferro, e por esse motivo foi incluída na caminhada de domingo, já que este era o tema do passeio. Para quem não conhece o local, o #OxeRecife recomenda. Vale, e muito, a pena. É um dos poucos museus do gênero no Brasil. Ali, há explicações sobre a arquitetura do ferro. O visitante  vai “viajar” pelo passado, conhecer o contexto em que surgiram as locomotivas e as inovações tecnológicas trazidas pela Revolução Industrial . Vai saber, também, sobre a história das ferrovias em Pernambuco e no Brasil. Há cartazes com a cronologia do setor, inclusive abordando a Ferrovia Recife-São Francisco (do passado) e a Ferrovia Transnordestina (do futuro, e em implantação que nunca termina). O Museu mostra, ainda, o cotidiano das estações ferroviárias, como era a manutenção das vias férreas, os escritórios e as telecomunicações. E também  a  Gare, onde ocorriam embarques e desembarques até o século 20. No pátio externo, estão expostas locomotivas aposentadas. Há máquinas de 1906 a 1952, como a Beyer-Garrat, uma das maiores locomotivas a vapor que já circularam no Brasil.

Para assinalar os 130 anos do Museu do Trem, está sendo lançado Catálogo Digital que terá versão impressa publicada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Me deu muita saudade dos tempos de criança, quando ia com minha família para Vitória de Santo Antão. Eu e minhas irmãs, exigíamos sempre que a viagem fosse de trem. Porque, ao contrário do ônibus, o trem tinha magia e alimentava o nosso imaginário. As paisagens que víamos de suas janelas também eram mais bucólicas do  que as que observávamos das rodovias. Nunca esqueci dos seus bancos reversíveis, do barulho sobre os trilhos, do apito da locomotiva. Quem vivenciou a época do trem, sabe a importância que ele tinha não só para as cidades, como também para as antigas gerações. As referência ao trem ( estações, relação da população com o “Chefe da Estação”) é um dos mais deliciosos trechos do livro Memórias Afetivas, de Fátima Brasileiro, sertaneja de Afogados de Ingazeira que nunca esqueceu as viagens de de sua infância pela linha férrea. Como eu também nunca esqueci das minhas. O Museu do Trem é gerenciado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco e fica na Rua Floriano Peixoto, no Bairro de São José. Veja, na galeria, algumas imagens do Museu do Trem:

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Serviço:
Estação Central Capiba – Museu do Trem do Recife
Endereço: Rua Floriano Peixoto. S/N, São José
Horários: Terça a sexta, das 09h às 17h; Sábados: 10h às 17h e domingos (das 10h às 14h) Entrada: gratuita

Texto e fotos: Letícia Lins/ #OxeRecife

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