Protesto acaba com”abraço” e governo toma precaução contra violência

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Bom. Pelo menos dessa vez, a Polícia Militar ficou onde deveria estar. Ou seja, em postos de observação, com suas viaturas, vendo “a banda passar”, no caso, o protesto contra o Governo Jair Bolsonaro. A PM se posicionou com suas viaturas, ao longo do percurso da manifestação, sem apontar armas, sem disparar bombas de gás lacrimogênio nem spray de pimenta. Ou seja, como a PM deve realmente fazer, ao cumprir o seu dever constitucional de proteger o cidadão. Parece, enfim, que aprenderam, depois daquela ação desastrosa, do último dia 29 de maio, quando duas pessoas foram atingidas por balas de borracha, perderam uma das visões e uma vereadora, Liane Cirne (PT) recebeu uma carga de spray de pimenta no rosto.

Os manifestantes levavam cartazes com  “Fora Bozó”, “Fora Bolsonaro”, “Bolsonaro Genocida”, e levavam, também, ironias e protestos quanto à equivocada política do governo federal, na condução da pandemia do coronavírus. Hoje, o Brasil ultrapassou a  triste marca de 500 mil vidas perdidas para a pandemia. Sem o negacionismo oficial, o estrago poderia ter sido menor.

Não tivemos imunizantes comprados a tempo,  os discursos contra o uso de máscara permanecem e até contra o distanciamento. Os brasileiros foram bombardeados com tantas informações (aliás, desinformações) equivocadas, como as de recomendar “tratamento precoce” com drogas que não têm efeito contra o coronavírus, segundo asseguram cientistas de todo o mundo. Pela manhã, além do Recife, houve protestos em doze capitais e em outras cidades do interior. Há outras manifestações previstas para a tarde desse sábado.

No Recife, concentração foi na Praça do Derby, seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista e terminou nas proximidades da Rua da Aurora. Os manifestantes usavam máscaras, portavam álcool e também tentaram manter o distanciamento, fazendo o protesto em fila indiana (foto acima). No entanto, não foi mantido ao final da manifestação, que foi encerrada com um abraço simbólico nas pontes Duarte Coelho e Princesa Isabel, justamente os dois locais onde, no último protesto, Daniel Campelo e Jonas Correia de França foram atingidos por balas de borracha, na última manifestação contra Bozó. Nenhum deles participava do protesto. Estavam no lugar errado, na hora errada. Cada um perdeu um olho. A ação desastrada terminou com o afastamento do Comandante da PM (Coronel Vanildo Maranhão) e do Secretário de Ação Social (Antônio de Pádua).

A manifestação desse sábado (19.06) no Centro do Recife marcou o primeiro dia de atuação dos Agentes de Conciliação do Governo de Pernambuco. Vinte e dois profissionais de quatro secretarias fizeram a interlocução entre os movimentos sociais e as autoridades policiais que acompanharam o protesto. O ato começou por volta das 9h na Praça do Derby e foi encerrado ao meio-dia, na Rua do Sol, sem qualquer intercorrência. Ou seja, temendo nova  insubordinação da PM, o governo estadual cercou-se de precauções para o ato de hoje. Foi constituída uma ” mesa permanente de diálogo com a sociedade para assegurar a segurança e o direito à manifestação de todos”. Os Agentes de Conciliação tiveram um papel importante durante todo o ato, se colocando disponíveis para facilitar a interação entre os participantes e as autoridades”, avalia o secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Sileno Guedes.  O Ministério Público também acompanhou a manifestação.

Dos 500 mil brasileiros que perderam as vidas para a pandemia, 17.216 são de Pernambuco, que confirmou 77 mortes provocadas pela infecção, nas últimas 24 horas. Nesse sábado, foram 2.512 novos casos registrados, elevando-se para 535.707 o número de pessoas oficialmente infectadas em Pernambuco.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Thiago Lins /Cortesia

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