Ele antes era encontrado em um trecho imenso, que vai da Flórida (Estados Unidos) ao Litoral Sul do Brasil (Santa Catarina). E embora na Flórida ocorra em grandes quantidades de tocas por metro quadrado, no nosso país está tão escasso, que integra a Lista Nacional Oficial de Animais em Extinção. Pois é, aquele bichinho que a gente antes via aos montes, no meio dos manguezais e que costumava consumi-lo sem dó, o guaiamum (Cardisoma guanhumi) pode desaparecer no Brasil.
Por esse motivo, a partir de 30 de abril, sua captura, comercialização e consumo serão proibidas em território nacional, segundo determina portaria federal que, aliás, não é de hoje, mas de 2014. É que a data da proibição já foi adiada algumas vezes. E a captura já não é permitida no período de defeso (época de reprodução). Mesmo assim, o animal continua sendo alvo de caça, pois é muito procurado em bares, restaurantes, nas areias das praias. Quem não gosta de uma patola ou de um ensopadinho? A partir de abril, os estabelecimentos só poderão ofertar guaiamuns aos clientes, se comprovarem que os estoques são anteriores àquela data.
No último domingo, não só guaiamuns, como também caranguejos foram apreendidos em Aldeia (Camaragibe) e Cabo de Santo Agostinho (Litoral Sul). Eram cerca de 300. Depois de passarem pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tanngara), foram devolvidos à praia e manguezal nesta semana. É que estamos em período de defeso, e na mercadoria havia muitas fêmeas e filhotes (carapaça inferior a 6 cm).
Os animais foram liberados pela Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) e Cipoma na Ilha de Itamaracá, Litoral Norte de Pernambuco. Além da pesca indiscriminada, os guaiamuns enfrentam degradação do meio ambiente, por conta da destruição dos manguezais, da poluição e da especulação imobiliária. Que a natureza os mantenha por lá. O guaiamum, quando adulto, tem a carapaça de cor azulada, habita os mangues e pode ser visto a até cinco quilômetros da água, de acordo com pesquisadores. Os caranguejos, no entanto, continuam com consumo liberado. Mas só fora da época do defeso.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: reprodução da Internet