Como faço todos os anos, fui sábado à Procissão das Bandeiras, uma das mais graciosas manifestações do São João, no Recife. A concentração ocorre no Morro da Conceição, de onde o cortejo sai até o Sítio Trindade, o mais tradicional arraial da cidades. Blocos carnavalescos – como Cordas e Retalhos – acompanham as bandeiras e andores dedicados não só a Santo Antônio, São João e São Pedro – os mais conhecidos santos juninos – mas também a São José, São Paulo, Santa Isabel e Santana.
A chegada ao Sítio é anunciada na Estrada do Arraial, com os tiros dos bacamarteiros. Ao todo, foram 17 bandeiras, que ganharam reverência quando chegaram ao Sítio Trindade, colocadas em frente ao casarão, onde receberam cânticos e aplausos. Lá em cima, no Morro, as bandeiras haviam recebido bênçãos dos padres católicos, aos pés de Nossa Senhora da Conceição. Durante o percurso até a Avenida Norte, o cortejo seguiu entoando cânticos religiosos. Quando chegou na Rua da Harmonia, estes foram substituídos pelo repertório do baião, do xaxado, do forró, puxados pela Forrovioca. Esse ano, antes de descer o Morro, os grupos abraçaram a Santa.

“Sabe o que é mais bonito dessa procissão? Tudo. Fico muito emocionada”, disse a sorridente e muito enfeitada Severina Gabriel, 73 anos, do grupo Viver a Vida, da Campina do Barreto, que carregava uma das bandeiras de São João.Para Cid Cavalcanti, do bloco O Bonde, guardião de outra bandeira de São João, a procissão ajuda a lembrar a origem da festa. “O Recife, mesmo estando no litoral, tem uma das festas mais animadas e autênticas do Nordeste. Mas é muito importante que a gente celebre sem perder de vista a essência sagrada dos festejos juninos”.