Em janeiro de 2023, falei no #OxeRecife da presença da grande Malala em Pernambuco. No caso, da força que ela dá à educação de meninas aqui no Estado. Mais precisamente no Cabo de Santo Agostinho – Região Metropolitana – onde a ativista apoia as ações do Projeto Meninas em Movimento pela Educação. Pois agora, ela veio mesmo, de verdade. Tudo para conferir o resultado do trabalho. Malala esteve naquele município – localizado a 41 quilômetros do Recife – na quarta-feira, dia marcado pelo temporal que parou o Grande Recife. Mas não parou Malala Yousafzai que fez questão de marcar presença na cidade, onde a ação por ela apoiada já beneficiou 32 mil estudantes. Bonito, não é? Grande Malala! Sou fã, desde 2013, quando li sua biografia.
A história da ativista é conhecida. Rendeu até livro (“Eu sou Malala”). Aos 17 anos, tornou-se a mais jovem pessoa a ganhar um Prêmio Nobel da Paz, pois nunca se intimidou nem renunciou aos seus ideais, mesmo após ser baleada por extremistas do Talibã, em 9 de outubro de 2012. É que em seu país, as adolescentes enfrentam proibição de ir às escolas, devido a preconceitos religiosos ditados pelo Talibã. O atentado ocorreu no Vale do Swat, no Paquistão, onde morava com a família. Malala não só frequentava a escola, como incentivava as amigas a fazer o mesmo, e terminou pagando caro. Pela sua “ousadia”, foi alvejada no interior do ônibus escolar quando voltava para casa. Teve de sair do seu país, sobreviveu ao atentado, e decidiu lutar pela causa da educação para meninas. Ficou mundialmente famosa, e criou um fundo que serve para incentivar a presença de meninas na escola e evitar a evasão. Em Pernambuco, a gravidez precoce é um dos motivos que mais afasta as adolescentes dos bancos escolares.
Malala veio conhecer de perto as ações do Projeto Meninas em Movimento pela Educação, que é coordenado pelo Centro das Mulheres do Cabo (CMC), e que conta com apoio do Fundo Malala. O projeto beneficia meninas, adolescentes e jovens mulheres ativistas no enfrentamento à evasão escolar, no Cabo de Santo Agostinho. Ela conheceu participantes do projeto que visa, também, o enfrentamento às violações cometidas contra as meninas, focando no combate à evasão escolar e na prevenção do abuso e à exploração sexual contra meninas e adolescentes. Malala fez questão de conhecer as salas de aula, a biblioteca da Escola Estadual Professor Natanael Barbosa Medrado, localizada na Charneca, periferia do Cabo. As boas-vindas à delegação de Malala foram feitas por Cássia Jane, integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil, e por Fernanda Galindo, coordenadora da rede de ensino. Simpática e acessível, Malala deixou um recado para as meninas beneficiadas no Projeto:
É muito importante, e é uma honra estar aqui, e quero agradecer a todas as ativistas pela educação, pelo seu trabalho. E às meninas que, com todas as dificuldades, não desistem e continuam lutando e trabalhando por uma educação de qualidade. E quero deixar meu agradecimento especial às meninas, porque são vocês que são as agentes de mudanças, são vocês que estão no papel de protagonistas que sabem melhor do que ninguém quais são os desafios e as dificuldades que vocês enfrentam, meu muito obrigada.
Malala junto com sua comitiva também esteve no Centro das Mulheres do Cabo (CMC), que é uma das mais antigas organizações feministas de Pernambuco, atuante há 39 anos no enfrentamento as violências de gênero. Ela foi recebida pelo grupo musical Sonorizar ao som do forró pé de serra, sendo recepcionada através da equipe da instituição feminista e por representantes do Comitê Intersetorial de Combate à Evasão Escolar do Cabo. A coordenadora geral do CMC, Izabel Santos, ressaltou a relevância da vinda de Malala para conhecer a realidade das meninas e jovens cabenses. “É uma honra para todas nós do Centro das Mulheres do Cabo receber Malala e desenvolver esse projeto com as meninas ativistas que têm feito toda a diferença em nossa cidade. Além disso, essa iniciativa renova a nossa esperança, porque vivemos quatro anos de retrocessos com um governo que não valorizava a educação nem a ciência, mas estamos voltando, e recuperando a democracia, pois o projeto nos traz mais força”, ressaltou a feminista. Em seguida, a integrante da Rede Malala Cássia Jane, apresentou o Comitê Intersetorial, que é formado por mais de 30 representantes, sendo composto por representantes de órgãos oficiais e da sociedade civil.
Nos links abaixo, você confere mais informações sobre o Cabo de Santo Agostinho, e também sobre violência de gênero.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: PCR / D