Esse negócio de derrubar nossas árvores e nossas matas não está dando certo não. Até mesmo a preguiça, um bichinho tão tranquilo, que vivia no alto das imbaúbas (cujas folhas são seu alimento predileto), deu para aparecer agora em áreas urbanas: em residências, no asfalto, à margem de estradas e até mesmo penduradas em fios de alta tensão. Foi o que aconteceu nesta semana, com um indivíduo da espécie, resgatado de um altura de 80 metros.
Ela se movimentava em um cabo para-raios, que serve de proteção para linhas de transmissão de energia elétrica da Chesf. Com sua lentidão, tentava se locomover de um lado para outro da BR-101. Era vista há doze dias, numa linha de alta tensão de 500 mil volts (KV), no quilômetro 114 da BR-101, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Com pequeno ferimento numa das garras, a preguiça foi entregue no final da tarde de quinta-feira à Agência Estadual de Meio Ambiente (Cprh). O resgate virou uma operação de guerra, que exigiu planejamento, monitoramento, paciência e muita técnica . A operação de resgate durou quatro horas e meia. E foi feita por mantenedores da Chesf.
Eles montaram montaram uma espécie de arapuca com um cesto (carrinho de compras) que se movimentou com roldanas no cabo. Com folhas de imbaúba (alimento preferido da espécie) para atrair o animal, o cesto tinha uma trava. Bastões isolantes foram usados para impedir possível descarga elétrica. Duas cordas, de 80 metros cada, foram usadas na engenhoca. Uma para acionar a trava e fechar o cesto, assim que se conseguisse puxar a preguiça até lá. A outra foi usada para o deslocamento (movimentação) da arapuca, tarefa cumprida por uma equipe de cinco pessoas que ficaram no solo. Quando, enfim, a preguiça se aproximou do carrinho, a base do solo puxou a trava e o animal ficou preso. Aí, com a corda de deslocamento, o animal foi resgatado. Um membro da equipe subiu pela estrutura para ajudar na tarefa.
Foi tipo uma operação de guerra, explicou Alisson Salvador Damasceno, encarregado de manutenção de linha de transmissão da Chesf, ao fazer a entrega da preguiça à Cprh. A preguiça foi encaminhada na manhã desta sexta ao Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara), da CPRH. Após tratamento e um período de reabilitação, será devolvida ao habitat natural. Há alguns dias, um outro indivíduo da espécie foi encontrado em um banheiro do segundo andar da residência do empresário Raul de Oliveira, na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. O bichinho era uma fêmea adulta. Raul notou que ela tinha fome. Pesquisou na Internet e descobriu que o animal come folhas de imbaúba. Arranjou o alimento, e depois telefonou para a Cprh, que resgatou o mamífero e o levou para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas Tangara), que fica no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife.
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