Como se não bastassem as constantes mutilações e “assassinatos” de nossas árvores – foram erradicadas 5 mil desde janeiro de 2013 – a vegetação das nossas praças também está sucumbindo à falta de cuidado dos órgãos oficiais. Uma pena, porque o que é uma cidade sem verde? Pois o Recife está arriscado de ficar todo marrom. Basta dar uma circulada por alguns desses logradouros, para se ver o tamanho do estrago. E nem estou falando dos parques, que também estão um horror.

Vejam a situação da Praça de Casa Forte. Ela fica em terras do antigo Engenho Casa Forte (século 17), e vem a ser o primeiro jardim público projetado pelo paisagista Burle Marx. É tombada, e posteriormente foi elevada à condição de jardim histórico. No entanto, tirando a parte central, que é adotada por uma empresa de propaganda – a Aporte – os canteiros laterais mais parecem um solo da caatinga. A grama secou totalmente e em algumas áreas até desapareceu. Morreu mesmo. “Moro aqui desde 1985, e nunca tinha visto essa Praça em condições tão precárias”, reclama Rômulo Pisano, que reside em um prédio, em frente ao local. “Aqui não tem irrigação e as plantas precisam de adubo”, acrescenta, mostrando os canteiros de flores popularmente chamadas de borboletas, com as folhas todas secas.

Perto dali fica a Praça José Vilela, que até o início desse ano era adotada. Uma adoção que não valia a pena, porque a manutenção deixava a desejar. Os seus bancos nem madeira tinham, para sentar. A maior parte só era a armação de ferro. Diante do desleixo da empresa “mãe”, a Prefeitura retomou a Praça. Os bancos foram recompostos, mas de Praça, a José Vilela só tem o nome. As plantas estão morrendo, a grama secou e o lixo se acumula em seus jardins. A José Vilela, que fica na Avenida 17 de Agosto, tinha tudo para ser um local agradável: bonita, bem iluminada, possui árvores frondosas. Mas dá até tristeza sentar em um dos seus bancos. A foto acima já diz tudo. Para completar, as rampas de acessibilidade recentemente construídas foram reduzidas a pó. De algumas, só restam as ferragens. De outras, nem isso.

Na minha caminhada matinal, hoje, passei também pela Solange Pinto Melo, onde fica o Mercado da Madalena. Não difere das outras. A grama secou, as plantas estão mal tratadas, e os bancos viraram dormitório de mendigos. A limpeza também deixa a desejar. A Praça está em um dos locais mais frequentados do bairro da Madalena. Aos sábados, o movimento é grande, inclusive nos bares que ficam ao seu lado, de frente para a Solange Pinto Melo. Mas a área, infelizmente, virou terra de ninguém. Praças nessa situação são um péssimo cartão de visita para o Recife e uma prova de que falta amor e zelo das autoridades para com nossa bonita e castigada cidade. Sinceramente, a corda prá Jesus, meu povo. #OxeRecife.
(Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife)
A maior tristeza é o abandono da Prefeitura pela praça Maciel Pinheiro, .no início da rua Imperatriz.A praça hoje é ocupada pelo povo que mora nas ruas.Uma das praças mais bonitas que o Recife já teve, principalmente no começo do século passado. Clarice Lispector morava num sobrado em frente à praça. O chafariz, a vegetação, tudo destruído pelo poder público, que não abandonou por completo. Essa é só uma praça , como tantas outras do Recife.Uma vergonha, um abandono total e uma falta de respeito por uma cidade, que já foi considerada a terceira do país.