A caminho de ser transformada em Patrimônio Mundial pela Unesco, a Praça de Casa Forte requer mais dedicação do poder público. Tida como a primeira a ser projetada pelo paisagista Roberto Burle Marx, ela possui três jardins, mas só o central está bem cuidado. Nos laterais, sobram lixo, folhas secas e grama morta nos canteiros. Isso ocorre mesmo com a chegada das chuvas de março, que amenizam a situação de penúria em que se encontra a vegetação de espaços públicos como praças e parques do Recife.
Na manhã de hoje havia até pessoal da Emlurb (Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife). Eram três servidores, fardados, cuidando dos jardins. Mesmo assim, eram observados folhas secas e lixo acumulados no chão, enquanto os gramados de alguns canteiros já sumiram por completo. Em compensação, as calçadas de pedras portuguesas sofreram reparos, embora ainda se registre um ou outro buraco. No Recife, a Praça de Casa Forte integra o conjunto de 28 projetos do paisagista (1909-1994), seis das quais foram tombadas pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e elevadas à categoria de Jardins Históricos. Casa Forte é o caso mais emblemático, por ter sido o primeiro projeto do internacionalmente famoso Burle Marx.
A Praça só tem um canteiro adotado. É o central, que fica sob os cuidados da Aporte Comunicação, e é o que está em melhor estado. Inclusive com todo o gramado verde, porque há regularidade na aguação. Transformar os seis projetos de Burle Marx em Patrimônio Mundial da Humanidade (título conferido pela Unesco) é uma das consequências do trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco, capitaneado pela arquiteta Ana Rita Sá Carneiro. A Ufpe fez o inventário que permitiu os títulos hoje conferidos aos seis projetos. A professora da Ufpe acha que com a atribuição de mais um título, esses espaços serão mais reconhecidos e valorizados.
A Praça de Casa Forte recebeu 20 espécies de plantas, quando implantada, entre árvores nativas e estrangeiras. Também era famosa pelas vitórias régias em seus tanques, que há muitos anos desapareceram. Entre as espécies encontradas ali, estão pau rei, ventosa da Amazônia, visgueiro, ipês, flaboyants, abricós de macaco, pau mulato. A Praça foi implantada em 1935, no local em antiga campina do antigo Engenho Casa Forte, onde em 1645 travou-se uma luta entre holandeses e portugueses.Tomara que tanto a população quanto o poder público dediquem mais carinho a esses patrimônios verdes da nossa cidade. Hoje nem se vê a guarda municipal nem presença da Polícia Militar no local. O quiosque da PM há muito está vazio. E assaltos viraram rotina no entorno do Jardim.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife