As praças do Recife estão tão detonadas (sem grama, bancos quebrados, plantas mortas, cheias de lixo, com grades servindo de varal para trapos de mendigos), que quando a gente vê uma em bom estado, chama logo a atenção. Já falei aqui da Praça do Hipódromo, um oásis daquele lado da cidade. Outra que encontrei em boas condições, é a Tiradentes, que fica no bairro do Recife, bem pertinho da do Arsenal (essa totalmente abandonada).
Passei na Tiradentes em um domingo desses, quando integrava uma das caminhadas do MeninXs de Rua, grupo que costuma andar pelo Recife. Fizemos um roteiro saindo da Avenida Beira Rio, na Madalena, até o Marco Zero, no Centro. No percurso encontrei doze árvores assassinadas (elas sempre aparecem no meu caminho) e duas praças em bom estado. A Tiradentes, que acompanhei a reforma, é uma delas. Está bem cuidada. Possui 5.000 metros quadrados, sendo 1.250 metros de área verde. As obras de requalificação terminaram em setembro de 2016. E,desde então, tem se mantido. Apesar da conservação, a Praça não é adotada. Quem cuida é a própria Emlurb, que devia dedicar a mesma atenção às outras praças do Recife.
Conforme a Emlurb, o custo da reforma chegou a R$ 2 milhões. A Tiradentes ganhou iluminação (26 postes e 56 luminárias), paisagismo, pavimentação, playground, mobiliário urbano e até wi-fi. Tem 26 bancos, mesinhas, vagas para carros (500 metros quadrados) e bicicletário (que comporta 40 bikes). Situada em área de importância histórica e turística – entre o Cais do Apolo e a Rua do Brum – a Praça Tiradentes ganhou, também, um novo traçado, com instalação de um “corredor” de pérgolas e pilares em concreto, que ajudam em uma circulação com sombras. A área central foi dividida em quatro quadrantes que têm funções variadas de uso.
Dois foram destinados às crianças e receberam a instalação de diversos brinquedos, a exemplo de escorrego, gangorra, gaiola etc. O projeto reservou um terceiro espaço para convivência. Neste local foram distribuídos cinco conjuntos de mesa de concreto. Já o último quadrante tem uma característica mais contemplativa e, por ter recebido a implantação de grama, pode ser ideal para piqueniques. Outra novidade é que, com exceção do espaço com grama, os outros três locais possuem um rebaixamento de 40 centímetros. Uma proposta diferente, que deixam as crianças mais protegidas em relação ao nível da rua. Segundo a Emlurb, a vegetação existente foi preservada. E a área ganhou uma árvore: um segundo baobá. E o gramado verde em pleno dezembro desmente a ridícula justificativa, segundo a qual a grama de praças e jardins está seca devido ao verão. Basta regar, gente, que o verde se mantém.
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Texto e foto: Letícia Lins