Praça Dom Vital de “roupa nova”

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Já tinha acusado, aqui, o descaso em que se encontrava a Praça Dom Vital, um dos atrativos turísticos do Recife devido à sua proximidade com o Mercado de São José (1875) e com a Basílica da Penha (1882). A praça parecia um chiqueiro, um ninho de rato, estava imunda há anos. No final de semana, passei lá com o Grupo Caminhadas Domingueiras. E não está mais aqui quem falou. A Praça (que tinha virado depósito de lixo) ganhou reforma: os bancos foram consertados e estão pintados. Os jardins que viviam no barro seco ficaram verdes: ganharam grama. Ou seja, outra coisa. Vocês podem observar as fotos desse post, para que percebam a diferença. O antes e o depois.

Perguntei à Emlurb se a obra já havia sido concluída. Sim, a reforma da Praça Dom Vital terminou. E custou R$ 62 mil.  Os serviços foram encerrados em outubro, e só eles já são suficientes para mudar a antes degradada paisagem daquele que já foi um dos mais pitorescos recantos do Recife, inclusive marcado no passado pela presença dos violeiros, cantadores poetas populares. A Praça tinha tudo para despertar o encanto dos turistas, pois está cercada por dois monumentos: O Mercado de São José e a Basílica da Penha. O Mercado é o mais antigo em funcionamento no Brasil, e foi o primeiro prédio pré-fabricado em ferro no país. Um autêntico exemplar da arquitetura de ferro, que segue os padrões dos mercados públicos europeus do século 19.

Já a Basílica – a única do Recife em estilo paladino – é datada de 1822, e ao seu lado está o primeiro convento capuchinho erguido no País. Só isso já seria suficiente para garantir a preservação da Praça e ruas do entorno. Mas as providências só foram tomadas quando a degradação já era imensa. A praça passou a ser um imenso depósito de lixo (foto ao lado). Parecia não ter mais jeito, um horror.

Além de ter virado um lixão – ali atirado por comerciantes e pelos ambulantes – ela vivia tomada por moradores de rua, que a usavam para cozinhar, dormir, estender roupas e até para as necessidades fisiológicas. Uma decadência que parecia não ter fim. Mas teve sim. Pelo menos por enquanto, a Dom Vital está um brinco, pois é só comparar as fotos de hoje e as de antes (ao lado).

Além dos R$ 62 mil investidos na própria Praça, outros  R$ 743 mi 745  estão sendo utilizados em pavimentação e drenagem das ruas do entorno do Mercado. Essas artérias viviam ocupadas pelo comércio informal inclusive barracas de frutas e verduras, que foram removidos para um galpão no Cais de Santa Rita. E remoção deixou à vista o quanto estavam degradadas as calçadas e asfalto das ruas que circundam o Mercado. A previsão é que tudo esteja pronto até o final de dezembro. Ops, tudo não. O próprio Mercado de São José precisa de carinho: banheiros, vidros quebrados, goteiras e outros problemas persistem naquele equipamento turístico.

Infelizmente as calçadas do Mercado de São José não foram contempladas na requalificação realizada pela Prefeitura. E elas estão bem feinhas, pois há uma faixa de terra batida, de um metro de largura em redor do prédio. Um vazio que poderia ser preenchido com um gramado, flores ou mesmo pedras iguais às que estão entre o meio fio e a faixa de areia, transformada em “dormitório” (ao lado).

Como vocês observam na imagem acima, as calçadas ao redor do Mercado de São José precisam, também, de reparos. E urgentes. Há mais de um ano que essa situação degradante é observada lá. Até parece o Haiti. Ontem percebi que em tratando-se de calçada do Mercado, nada mudou . Está tudo do mesmo jeito. É muito bom que aquele quadrilátero tão pitoresco e característico do Recife passe por requalificação. Mas não ficará completa se essas calçadas em volta do Mercado permanecem desse jeito. E elas não foram contempladas na reforma executada pela Emlurb. Como a população de rua do bairro parece ser muito grande, que tal um albergue ou um serviço social para atendimento dos mendigos, que estão à míngua não só no Bairro de São José, mas também em todos os outros do Centro? Uma miséria que, pelo visto, só faz crescer. Querem ver ? Além do próprio bairro de São José, é só dar uma passadinha na Praça Dezessete e na Rua do Imperador (Santo Antônio) e na  Praça Maciel Pinheiro (Boa Vista), áreas em que a população de rua parece aumentar a cada dia.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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