Está de fazer dó, a Praça Dezessete, que fica no bairro de Santo Antônio. Passei por lá ligeiramente na última quarta-feira, durante incursão com o Projeto Olha! Recife. E no sábado, voltei ao local com mais tempo, com o Grupo Caminhadas Domingueiras. E constatei que a situação realmente está uma tristeza. O que, aliás, não é novidade, em se tratando de praças no Recife, onde o abandono não chega a ser exceção da regra. O que a gente vê na cidade é que esses locais públicos estão entregues, mal cuidados, sujos, ocupados por mendigos.
E a Praça Dezessete nem era para estar assim. Primeiro: fica em um bairro importante do centro, Santo Antônio, um dos mais movimentados. Segundo: é um espaço histórico, dedicado à memória dos heróis da Revolução Republicana de 1817, e que teve origem no adro do primeiro templo calvinista construído na Cidade Maurícia, em 1642 (em seu lugar, acham-se, hoje duas graciosas igrejas construídas no século 18, a do Espírito Santo e a da Congregação Mariana). Terceiro: teve projeto paisagístico elaborado na década de 1930 por ninguém menos que o arquiteto Burle Marx, um dos maiores profissionais do setor do mundo.
A Praça Dezessete tem fonte em cantaria, encimada por índia que representa a Nação brasileira. Mas praticamente não se percebe que ali existe uma fonte. O espelho d´água secou. E o que se vê é muito lixo acumulado. Já o pedestal, em homenagem a Santos Dumont, e aos pilotos Sacadura Cabral e Gago Coutinho (portugueses que ali passaram, em sua primeira travessia sobre o Atlântico, em 1922) precisa de manutenção. Algumas reclamações sobre a situação Praça já haviam chegado aqui ao #OxeRecife, vindo de leitores indignados com a situação. A Praça Dezessete está desprezada, com bancos quebrados, cheia de lixo nos canteiros e nem leitura é possível fazer, na placa turística colocada no local.
Já havia registrado aqui o descuido com outros bairros do Centro, como Boa Vista e São José. Os leitores também acusam o descontentamento. “Não é só a Boa Vista, Santo Antônio e São José que estão entregues não. A administração municipal não cuida do Recife. Eles acham que só o Bairro do Recife merece algo. As pontes estão em situação deplorável e em especial a da Boa Vista”, afirma Arnaldo Pimentel, referindo-se àquele monumento de ferro, que liga a Rua Imperatriz (Boa Vista) à Nova (Santo Antônio). No caso da Dezessete, o abandono não é de hoje. A sociedade civil, através do Grupo Amantes do Recife, já fez uma faxina no local há uns três anos. Mas a bagaceira, hoje, está pior do que antes.
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Texto e foto: Letícia Lins/ #OxeRecife