O carnaval foi lindo, tanto no Recife quanto em Olinda. Mas alguns aspectos exigem discussão ou, pelo menos esclarecimento. O primeiro deles é no Recife, onde a Prefeitura investiu R$ 27 milhões na festa, dos quais apenas R$ 7 milhões provenientes da iniciativa privada. Em Olinda, o carnaval exigiu investimento de R$ 9 milhões, dos quais R$ 6 milhões 300 mil foram captados em empresas. Aí vem a pergunta que não quer calar: porque Olinda conseguiu patrocínio para 70 por cento dos gastos com a festa, enquanto o Recife só conseguiu captar 25 por cento do total investido? Ou seja, o dinheiro público – meu, seu, nosso – teve que financiar o resto.
O segundo fato é a omissão do número exato de homicídios durante o carnaval. Até o ano passado, o balanço era feito na quinta-feira de cinzas, quando o total de vítimas de mortes violentas era fornecido à Imprensa. Esse ano, com a crise na segurança (e os números cada vez mais altos de pessoas mortas por armas de fogo, facadas, surras), ninguém sabe a quantidade oficial de homicídios no período momesco. Nem no Recife, nem na Região Metropolitana, nem em Pernambuco. Não é difícil entender que, na verdade, o Governo não tem nenhum interesse em mostrar o número real de mortos. Deixa para fazer no balanço geral do mês, e aí ninguém nem fala mais em carnaval, e fica tudo diluído no meio do balanço geral do mês. Pelas contas oficiais, os homicídios foram, pasmem, três. É que a Secretaria de Defesa Social só divulgou o balanço registrado nos focos de animação.

Por fim, continua sem explicação a apreensão das fantasias da Troça Empatando Tua Vista, que teve os adereços recolhidos durante o Sábado de Zé Pereira. A Troça – que surgiu no calor do Movimento Ocupe Estelita – tem por objetivo criticar a especulação imobiliária e a ocupação exagerada e desordenada do espaço urbano, cada dia mais descaracterizado, devido às torres de concreto. Os policiais que fizeram a ação arbitrária (afinal, censura é coisa do passado) disseram que cumpriam “ordens superiores”. A Troça também ironiza com máscaras, as gestões do Governador Paulo Câmara (PSB) e, principalmente, do Prefeito Geraldo Júlio (PSB). As torres (alegorias reproduzindo arranha-céus) e as máscaras das autoridades teriam sido recolhidas por determinação do Centro Integrado de Comando e Controle de Pernambuco, órgão da PM. O abuso está sendo apurado.
Não é a primeira vez que a Empata Tua Vista sofre perseguição, segundo revela o arquiteto Noé Sérgio do Rego Barros ao #OxeRecife. “Em 2016, quando o pessoal ia sair com as torres, um caminhão da Dircom apareceu na Rua da Praia, onde estávamos concentrados, dizendo que teríamos de ter licenciamento para sair. Uma colega nossa que trabalha na Prefeitura pediu satisfação, e os caras se foram. Depois, pesquisando nas redes sociais, descobrimos que eles eram cabos eleitorais do PSB”, lembra Noé. Ainda bem que o Ministério Público está investigando essa confusão, esse cerceamento de liberdade de expressão. O MP precisa exigir, também, o balanço real da violência durante o carnaval, assim como não custa nada o TCE dar uma examinada no gasto total da festa, no Recife e em Olinda. Empatar a informação tabém é empatar a vista, né, gente?
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
No próximo ano tem eleições e agente é quem vai pagar pra eles gastarem e este dinheiro vai ser usado nas eleições. E uma panelinha e digo mais que este governador que está aí vai ganhar pois o povo esquece