Se ela ainda fizesse jus ao nome, com certeza seria – em pleno século 21- uma das grandes atrações turísticas, entre as tantas oferecidas pelo Bairro do Recife. A cada movimento, provavelmente haveria gente lá, fazendo vídeos, gravações, selfies levando o nome de nossa cidade para os quatro cantos do mundo. Mas a Ponte Giratória não mais gira, e teve sepultado o seu passado de glória, quando fazia sua parte central mover-se no sentido circular, abrindo passagem para as embarcações em uma época em que elas tinham porte maior e singravam pelos nossos rios, carregadas de mercadorias.
A também chamada Ponte 12 de Setembro é aquela que liga os bairros do Recife ao de São José, interligando a Avenida Alfredo Lisboa e o Cais da Alfândega ao Cais de Santa Rita. A ponte original data dos anos 1920. Foi edificada em três lances de ferro, sendo que um deles girava sobre um pivô, exatamente para que as barcaças passassem para chegar até o porto. Em 1971, a ponte foi desmontada e foi substituída por concreto. Tudo para facilitar a fluidez do trânsito,, em nome do qual se sacrificaram outros monumentos da cidade, como a secular Igreja dos Martírios.
A Giratória também foi vítima da sanha destruidora que alimenta a mente de nossas autoridades. Mas sua arquitetura singular ficou nas memórias afetivas da população, que jamais aceitou o nome 12 de Setembro. Tanto que em 2003, ela passou a chamar-se de novo e oficialmente, de Ponte Giratória. Antes da pandemia, nós fizemos um passeio com o Grupo Bora Preservar pelo Recife Antigo e lá, tivemos oportunidade de ver, com vagar, os pilares da antiga Ponte que sobrevivem no meio da maré. Não há como voltar mais atrás, e nossa antiga ponte móvel e rodoferroviária fica mesmo só nas nossas lembranças e nos postais seculares. Ela tem 195 metros de extensão, e vem passando por recuperação. Porém o trabalho é lento, segundo o Prefeito João Campos (PSB), pois tem que ser interrompido a cada maré cheia, porque quando sobre o nível da água, não há como se trabalhar. “Questão de segurança”, segundo o socialista.
“É uma obra muito complexa”, reconhece o Prefeito. Os principais serviços serão executados sob o caixão celular da ponte com a remoção da camada de nata de cimento, de modo a garantir a aderência do concreto de recomposição da seção estrutural, ancoragem da tela soldada em aço e posterior aplicação de revestimento de concreto projetado. O andamento da obra corresponde, por enquanto, a apenas 12 por cento de realização, devido à necessidade de interromper os serviços, quando a maré sobe. Em junho do ano passado, a Emlurb realizou serviços para recuperação de 253 m² da laje de transição da cabeceira sul da Ponte Giratória.
O custo total do serviço foi de R$ 135 mil. A Giratória em sua parte rodoviária passará pela recuperação do tabuleiro da ponte com a execução de 4.502,47m² de concreto projetado para formação de uma capa de concreto armada com tela de aço. Contará, ainda, com reconstituição de aproximadamente sete toneladas de aço da superestrutura; recuperação do guarda-corpo; substituição de 24 aparelhos de apoio, dentre outras intervenções. A nova intervenção faz parte do programa de recuperação de pontes da cidade que já beneficiou as da Torre, do Derby e a Motocolombó, assim como alguns viadutos. O total a ser investido nesses serviços será de R$ 9. 469.419.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Internet e Rodolfo Loepert/ PCR