Ponte da Boa Vista tem trechos no breu

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Ela tem muita história. Sua versão original, em madeira, foi implantada nos tempos da ocupação holandesa e chegou a durar um século. Posteriormente foi sofrendo várias reformas. No século 19, recebeu grades de ferro e tinha até banquinhos que viraram pontos de encontro e eram neles que se sabia as fofocas da cidade. Em 1874, teve início então a construção da atual Ponte da Boa Vista, que dizem ter sido inspirada na Ponte Nova de Paris, que havia sido inaugurada em 1578, durante o Reinado de Henrique II (1519-1559).

A ponte, que é bela, foi construída com trilhos de trem que foram importados da Inglaterra. Ela liga os bairros de Santo Antônio e Boa Vista. E é tombada pelo Iphan (Instituto Histórico e Artístico Nacional).  Nos anos 1965 e 1966 do século 20, a Ponte da Boa Vista foi abalada por enchente do Rio Capibaribe e sofreu nova reforma. O piso de suas passarelas laterais para pedestres, antes de placas de ferro, foram concretados. A iniciativa gerou muita polêmica, a obra foi condenada e reprovada pelo Iphan mas já estava feita. E assim ficou. Depois, a ponte ganhou cores, ficou mais alegre. Foi vermelha, azul e rosa e agora tem várias cores: azul, verde, amarelo. Na gestão passada, do então Prefeito Geraldo Júlio (PSB), a ponte foi pilhada várias vezes. Estava sendo roubada aos pedaços. O Grupo Amantes do Recife chegou a fazer um protesto no local, com um abraço simbólico na ponte, pedindo providências contra o descaso. Posteriormente, as peças roubadas foram substituídas.

Agora a denúncia vem do fotógrafo Genival Paparazzi., que sempre nos envia flagrantes do Recife. Morador do centro, ele vive atento às coisas da cidade. E informa que a ponte está às escuras à noite, tornando-se perigosa a  passagem no local. No breu, também fica mais fácil a ação de marginais interessados em roubar-lhe as peças, para vender no ferro velho como já ocorreu no passado não só com a própria ponte, mas com as peças que ficavam no Parque das Esculturas de Francisco Brennand. Deixar materiais de ferro, bronze ou mesmo latão no escuro é facilitar furtos.

Paparazzi reclama:

“O pior é que durante o dia há desperdício de energia na Ponte da Boa Vista, porque alguns refletores ficam acesos, mesmo com a luz do sol. Mas à noite, a situação é invertida e eles apagam. O risco é grande para  motoristas, motoqueiros e principalmente para ciclistas e pedestres, pois o breu é está demais.

Sinceramente, a ponte é uma relíquia histórica e arquitetônica e não poderia estar assim, tão abandonada. Deveria sim, estar com uma bela de uma iluminação, pois se é bonita de dia, à noite é muito mais, quando bem iluminada. Lembro-me, no entanto, que no carnaval de 2020 (o último antes da pandemia) as agremiações carnavalescas que saíam da Boa Vista rumo ao Recife Antigo passavam pela Ponte da Boa Vista às escuras. Mesmo com a multidão, todo mundo tinha medo. Eu, inclusive, que segui vários blocos de pau e corda no percurso, tateando no escuro. Pelo visto, o problema agora se repete em datas comuns do ano. Com a palavra, a Emlurb e a Prefeitura do Recife.

Trechos escuros na Ponte da Boa Vista deixa não só a população em risco como o próprio patrimônio público.

Salvem a Ponte da Boa Vista! Não deixem que o escuro permita que os marginais voltem a pilhar seus tubos de latão e abraçadeiras de ferro. Em 2019, o #OxeRecife denunciou que a ponte estava sendo pilhada. Já tinham levado onze metros de tubos de latão e doze abraçadeiras de ferro, sem que os órgãos públicos tomassem providências. Os reparos só foram feitos, depois que o assunto explodiu nas redes sociais, inclusive nas do #OxeRecife. Aliás, foi preciso pressão nas redes sociais e também nos meios de comunicação para que as obras de restauração de outras pontes fossem iniciadas, algumas das quais, felizmente, já foram concluídas.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Paparazzi / Cortesia

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