Como se não bastassem os índices elevados da violência em Pernambuco – com o registro de mais de 4.380 homicídios em 2016 (maior número desde 2009) e o recrudescimento de crimes contra o patrimônio – as praças do Recife já não contam com a mesma cobertura anterior, quando era marcante a presença da Polícia Militar. Os PMs desapareceram de postos fixos, como os localizados na Praça Professor Fleming e na de Casa Forte, ambas na Zona Norte.
Durante muitos anos, elas contaram com quiosques da PM, nos quais ficavam, no mínimo, quatro pessoas de plantão. No entanto, o que se vê, são as estruturas fechadas e vazias. Moradores dos dois locais informam que o abandono dos postos é anterior à crise, envolvendo o Governo de Pernambuco e a Corporação. Até o momento, a PM não deu nenhuma explicação para a omissão nas duas localidades, onde também não há presença de homens da Guarda Municipal.
E com a Operação Padrão da PM, a tendência é que a situação da segurança vá piorar. Isso porque as viaturas estão deixando os quartéis com atraso, e transportando a metade de homens para policiamento das ruas. Normalmente, elas fazem a ronda com quatro PMs, mas atualmente só há dois por cada viatura. Os PMs alegam que é a “Operação Padrão”, levada à prática.
“E vai continuar. Muitos dos nossos coletes estão vencidos, as viaturas não estão com a revisão em dia, e faltam munições. Além disso, a Polícia Civil está com salários muito superiores aos da PM, quando é a gente que passa todo o dia na rua, garantindo a segurança da população”, me disse hoje um PM, ao reclamar da diferença de R$ 700 entre o salário base de um policial civil e o de um policial militar. Um civil ganha R$ 3,9 mil, enquanto um PM, R$ 3,2 mil. Para a aposentada Maria José Pereira – que caminha todas as manhãs – os quiosques da PM “viraram enfeites”. Ela diz que aumentou a quantidade de assaltos em Casa Forte.
(Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife)