O Coletivo Jardim Secreto decidiu hoje à tarde denunciar a Construtora Haut à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife por e degradação ambiental de área pública à margem do Rio Capibaribe, localizada no bairro do Poço da Panela. Eles querem que a empresa seja penalizada por crime ambiental e pretendem que a SMAS quantifique os prejuízos, para indicar como poderá ser feita a compensação, inclusive devido à supressão da vegetação ciliar.
A decisão foi tomada durante encontro realizado nessa quarta-feira, e do qual participaram representantes do Projeto Jardim Capibaribe (da Prefeitura), da Universidade Federal de Pernambuco, de moradores do Poço e também da Haut. Apesar de chamada, a SMAS não compareceu nem enviou representante. O Coletivo decidiu, ainda, acionar a Secretaria de Controle Urbano para que impeça a invasão de outra área pública à beira do rio, e já ocupada com tapumes. e material de construção. Essa segunda área, denunciam os moradores, teve 80 árvores de várias espécies e idades degoladas nessa semana, conforme o #OxeRecife mostrou ontem. Também resolveram voltar a pressionar o Ministério Público de Pernambuco para que tome providências quanto à degradação da área por parte da construtora e pelo avanço do canteiro de obras em área não edificável, que deveria ser preservada.
Representantes da Haut informaram que todas as exigências relativas às compensações serão cumpridas. Porém, até o momento, só houve determinações oficiais quanto à vegetação na área privada e quanto à arborização da calçada do prédio em edificação. Ele fica na esquina da Rua Marquês de Tamandaré com a Luíz Guimarães. Segundo um dos moradores do Poço e integrante do Coletivo Jardim Secreto, Fábio Carvalho, a Haut foi procurada em vão por diversas vezes pelos moradores para diálogo. “Estivemos na empresa mas não obtivemos retorno e o resultado está aí”. O obra com o avanço irregular em área não edificável é alvo de inquérito civil em tramitação no Ministério Público do Recife. As poucas árvores que sobraram estão sufocadas por metralhas, como pode se ver na foto abaixo.
A confusão rola desde 2019, quando os moradores pediram providências ao Ministério Público de Pernambuco contra invasão de área pública à margem do Capibaribe. Só um ano depois, o MP enviou resposta dando ciência do andamento do inquérito, mas informando que a Prefeitura não deu retorno aos questionamentos, mesmo depois de duas solicitações. “Enquanto isso, a obra teve andamento por quase um ano sem alvará”, afirma Bárbara Kreuzig, arquiteta, urbanista, e uma das lideranças a acionar o MP.
De qualquer forma, a construtora foi obrigada a recuar os tapumes que avançavam até a beira do Capibaribe. Com a retomada da área pública, os moradores ocuparam o terreno para implantar o Jardim da Travessia, que deverá se transformar em área verde e de lazer para a comunidade, seguindo o modelo do Jardim Secreto,que fica ao seu lado. O Departamento Jurídico da Haut solicitou uma outra reunião, em que deverá ser assinado um memorando com exigências dos moradores e os compromissos da empresa. Esta havia informado anteriormente ter um projeto para recuperação da área degradada. Mas os moradores do Poço da Panela exigem que a comunidade seja ouvida. “Queremos que a população seja escutada, porque são muitas as demandas do entorno”, afirma Fábio Carvalho.
“Precisamos de iniciativas que possam mitigar os efeitos da degradação do solo, que está compactado com concreto pelo movimento dos tratores”, diz Bárbara. No último sábado, quando iniciaram o plantio, os “jardineiros” perceberam que o solo foi totalmente prejudicado eque precisa ser recuperado para receber fruteiras, hortaliças e plantas ornamentais. A foto superior mostra o deserto em que ele se transformou. Integrante do Jardim Secreto, Lúcia Helena Marinho considerou a reunião muito produtiva, mesmo sem a presença da SMAS. “Tivemos participação de pessoas de entidades bem representativas e definimos uma linha de ação”, disse. Na próxima semana, o Coletivo Jardim Secreto formalizará por escrito a denúncia contra o que considera crime ambiental, em reunião que pretendem ter com o Secretário Carlos Ribeiro, da SMAS.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
