“Plantando fruteiras para o futuro”

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Vou chegando em casa, em pleno sábado, e me defronto com três rapazes, na Praça de Apipucos. Eles trabalham em serviços gerais mas, aos finais de semana, dedicam-se a uma tarefa digna de registro para fecharmos o ano do #OxeRecife com uma boa ação: plantam fruteiras em praças, ruas e parques do Recife. Em Apipucos, plantaram uma pequena muda de acerola. A iniciativa partiu de Renniery Marques de Andrade (D), que arrastou dois colegas de trabalho para a empreitada.

Assim, William da Silva Brito e Arnaldo José Gonçalves se deixaram contaminar pela atitude de Renniery. E aos finais de semana, com ferramenta em punho, lá se vão eles, plantando árvores. Detalhe: só fruteiras. “Eu não planto o que não dá frutos, e faço isso pensando nos meus filhos e netos”, diz Renniery. “Se um dia faltar comida, haverá jambos, jacas, mangas e outros para matar a fome das pessoas”, acrescenta. “Árvores que só dão folhas não alimentam ninguém”, completa.

Natureza generosa: a jaqueira gera frutos até perto da raiz. “Fruteiras aliviam  fome de quem não tem emprego”.

Morador da Rua Caetés, que fica entre os bairros de Apipucos e Macaxeira, Renniery se diz preocupado com a redução de áreas verdes e a escassez cada dia maior de árvores. Quando criança, não faltavam frutos nos quintais, jardins e mesmo nas ruas do bairro.  Por esse motivo, já fez plantios de fruteiras em parques como o Urbano da Macaxeira e o Treze de Maio. “Estou pensando no amanhã, pois a pessoa pode não ter trabalho nem ter o que comer, mas vê uma jaca ou uma manga caída e já tem um alimento”. Ele lembra que, quando criança, não via carro passar na frente de casa vendendo ovos. “Todo mundo tinha uma galinha no quintal”. E complementa: “E também uma ou duas fruteiras”.

Renniery diz que, plantando fruteiras, alimenta um sonho: “Eu quero que a fome se acabe”. Eles trabalham no Colégio São Luís, nas Graças, de onde aproveitam plantas que nascem naturalmente e utilizam como mudas. “Não planto em área isolada nem privada, porque as fruteiras devem servir ao povo”, explica. “A gente antes estava só acompanhando, mas pegou a ideia”, dizem os dois outros rapazes. “A sementinha espalhada por ele está contaminando a gente , e de grão em grão a galinha enche o papo”, afirmam os dois, com  a convicção de quem segue o velho ditado de que só se colhe o que se planta. Ontem reguei a acerola que eles plantaram E hoje, fui lá. E ela está bem viçosa, apesar de pequenina.

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Texto e foto: Letícia Lins/ #OxeRecife

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