Não bebo, não tomo cachaça nem cerveja, mas a Pitu faz parte de minhas memórias afetivas. Lembro-me do cheiro de aguardente que sentia quando, ainda criança, passava nas proximidades da fábrica, que a gente chamava de “Destilaria”, em Vitória de Santo Antão (PE). Também recordo o crustáceo vermelho que ilustrava – e ainda ilustra – o rótulo das embalagens da bebida. Falar a palavra Pitu era como dizer cachaça, tal qual se chamava de “gilete” qualquer lâmina de barbear, não importando que marca fosse. Ou de “xerox” a qualquer fotocópia. Soube recentemente que a Pitu instituiu o troféu “Pituzeiros do ano“. Bem que poderia, também, desencadear uma outra ação para revitalizar o riacho que, no passado, tinha o crustáceo com tanta “abundância”, que terminou por inspirar o nome da marca. Cadê o riacho? E os pitus, que são os maiores camarões nativos de água doce do Brasil, onde foram parar?

Uma boa iniciativa ambiental rende hoje, também, muitos dividendos para a imagem de uma empresa, inclusive com boa chance de gerar mídia espontânea. Embora os próprios fãs da bebida, se encarreguem disso. Aqui no #OxeRecife, por exemplo, já registramos até um pau-pitu, uma árvore da espécie pau-brasil, que virou árvore de Natal, enfeitada por populares com latinhas de … Pitú. Há alguns dias, estive na Fábrica da Pitú, em Vitória de Santo Antão, que preserva um pequeno museu, contando toda a história da indústria, desde a sua fundação – em 1938 – até os dias atuais, quando é uma das marcas mais conhecidas do Brasil, uma “LoveBrand”, segundo definem os publicitários.
No Museu da Pitu, a gente vai acompanhar a evolução da marca – o primeiro rótulo (1944), o primeiro slogan (O aperitivo do Brasil, 1968), as primeiras campanhas publicitárias (1955), o início das exportações para a Europa (1970), o embarque para os Estados Unidos (1986), a embalagem de um litro (1991). E ainda: a “mania de brasileiro” (1993), as latas de alumínio (1992), os 60 anos da cachaça Pitu (1998). A exposição mostra que ao completar sua sexta década, a indústria produziu a Pitu Gold, envelhecida em barris de carvalho (1998). Indica, ainda, o ano (2001) que a Pitu virou líder no mercado internacional

Há outras datas importantes ali assinaladas, como a inauguração do centro de visitação, onde estive com os amigos Francisco Cunha e Evandro Duarte de Sá, companheiros de passeios a pé pelo Recife. Ao chegar em casa e checar minhas mensagens, descubro uma da Agência Ampla, de quem a Pitú foi a primeira cliente e com a qual permanece há 46 anos. A Ampla informa que a “LoveBrand” criou o Troféu Pituzeiros do Ano, que tem três categorias. “Esse Dia Foi Resenha”, “Casalzinho Resenha” e “Estilo é Prá Quem Tem”.
Então, me veio à mente um dos cartazes que vi no Museu da Pitu. “1945 – O antigo engenho da empresa, Arandu do Coito, passa a se chamar oficialmente Engenho Pitu, em referência à abundância de pitus que havia no riacho do mesmo nome”. Pensei, então, por onde anda esse riacho. Será que existe? Está limpo ou poluído? Como a “abundância de pitus” é uma referência ao passado, é provável que o riacho tenha se transformando em um canal poluído, como é comum acontecer em Pernambuco. Se os pitus sumiram, foi porque alguma coisa de indevido aconteceu, concordam? Fica, portanto, uma sugestão do #OxeRecife para que a Pitú não se preocupe só com os pituzeiros. Mas também com os pitus que a natureza nos dá com tanta generosidade, mas que começam a sumir do mapa devido ao seu maior predador, o homem.
E que a Pitú inclua entre suas ações para 2023, a revitalização do riacho que inspirou a marca, e que ele possa e trazer de volta os crustáceos que tanto deliciaram a população no passado, usando-os inclusive como tira-gosto, nas rodadas movidas aguardente. Ops… movidas a Pitú.
Abaixo, você confere alguns links que abordam a Pitu, os crustáceos e iniciativas de corporações em defesa do meio ambiente.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife