Pelos parques do Recife: Treze de Maio

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O Recife possui  onze parques, alguns mais famosos como o Treze de Maio, o da Jaqueira e o Santana. Outros, nem tanto, como o Robert Kennedy e o Arnaldo Assunção. Há, também, aquele que nunca se sabe a que veio: o Apipucos, que sempre foi pouco frequentado, não tem conservação nem manutenção e suas pequenas edificações encontram-se em ruínas. Até o teto da passarela desabou.

Há um, no entanto, que tem a ver com a memória afetiva da cidade. É o Parque Treze de Maio, hoje a única grande área verde do centro e cujo projeto original data de 1860. Este passa por mudanças em 1875 e o Parque finalmente começa a ser construído no final do século 19. Mas só seria realmente inaugurado em 1938, para abrigar o III Congresso Eucarístico Nacional. No século passado, tinha um restaurante – a Torre de Londres – que era frequentado por intelectuais e boêmios do Recife.

Monumento no Parque Treze de Maio faz referência aos pracinhas que combateram na Segunda Guerra Mundial.

O Treze de Maio tem pelo menos 20 espécies de  árvores nativas, belíssimas esculturas, brinquedos infantis com design pioneiro e até um monumento. Ele fica situado na antiga Ilha do Rato, área pantanosa no passado, que passou por aterro. Na gestão anterior (leia-se Geraldo Júlio, PSB), o Treze de Maio esteve totalmente, mas totalmente mesmo abandonado.  Entregue às baratas.

Mas para Agenor Tenório, leitor do Blog, caminhante e ciclista, o Parque Treze de Maio mudou para melhor, com o Prefeito João Campos (PSB). Ele havia me pedido para que eu fizesse uma postagem sobre o Parque. Então pedi que fizesse ele próprio o seu depoimento. Estive recentemente no Parque e depois colocarei aqui minhas impressões. Esperamos que os outros dez parques do Recife também mudem para melhor. O povo agradece.

Veja o que diz o leitor, sobre o Treze de Maio:

Parques são muito importantes numa cidade grande. São áreas de escape para quem os frequenta. Reúnem espaço, áreas verdes, e possibilidade de leitura, meditação, diversão e uma boa conversa pelo silêncio e calma que normalmente transmitem. Há também movimento de caminhantes e alegria das crianças. Aqui no recife o Parque  Treze de Maio reúne tudo isso nos seus seis hectares de área. Ele tem a autoridade de ser o mais antigo do Recife e atualmente está impecável. Limpo, bem estruturado, seguro e digno de visita de todos. Alguns itens do parque pra mim têm encanto especial: suas árvores raras e antigas, as belíssimas esculturas de Abelardo da Hora (um ícone da escultura pernambucana) e por fim um belíssimo e desconhecido monumento em homenagem aos pracinhas pernambucanos da Feb que combateram na Segunda Guerra Mundial, na qual deram suas vidas. Lá estão os nomes de todos eles na placa. Esse monumento parece um ilustre desconhecido para os pernambucanos. Nos arredores temos a Biblioteca Pública, a Faculdade de Direito do Recife e a Câmara dos Vereadores, prédios históricos com belos estilos arquitetônicos. Convido os recifenses pernambucanos a conhecerem ou revisitarem esse belo parque que considero um item que orgulha os recifenses.

Agenor é engenheiro mecânico e companheiro de caminhadas. Ele costuma explorar o Recife de bike, e também participa de vários grupos que fazem roteiros guiados a pé pela cidade, como o Caminhadas Domingueiras e o MeninXs na Rua.

Nessas caminhadas, ele faz sempre algumas observações interessantes, inclusive repassadas ao #OxeRecife, que vive de olho na cidade.  Uma dessas foi o caso do sumiço da placa em homenagem a Cândido Pinto, estudante que foi baleado pelas forças da repressão durante a ditadura implantada em 1964.  O crime aconteceu em 1969, quando Cândido era estudante de engenharia. Tinha apenas 22 anos. Na reforma da Ponte da Torre (local do crime político), a placa sumiu e nenhuma autoridade se deu conta.

Cândido morreu aos 55 anos. Ele nunca mais voltou a andar e passou 33 anos em uma cadeira de rodas, embora nunca tivesse deixado de trabalhar. Lutou contra a ditadura e manteve sua coerência política até o final da vida.  O #OxeRecife noticiou o desaparecimento da placa, durante as obras de reforma da Ponte da Torre, com base em informação repassada por Agenor. Dois dias depois, ela foi recolocada no local pela Autarquia de Manutenção e Limpeza do Recife (Emlurb). A placa jamais poderia ter sido esquecida. Afinal, ela é a memória das atrocidades que aconteceram naqueles anos de chumbo,com prática de torturas que o Capitão Presidente diz que nunca existiram. Vamos lembrar sempre, para que tais fatos não voltem a acontecer jamais. A placa tinha mais  era que ter voltado mesmo à cabeceira da Ponte. Por respeito à história.

E também lutemos para que nossos parques fiquem cada vez mais verdes. Abaixo, você confere informações sobre a situação de outros parques e outras postagem sugeridas pelo atento leitor.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Arquivo pessoal/ Cortesia

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