O Recife tem o carnaval mais diversificado do Brasil. Não é à toa, portanto, que seus primeiros patrimônios vivos tenham vindo daquela que é a maior festa popular da cidade. Anunciados no último dia 5 de maio, os quatro tiveram a honraria oficializada nessa terça, em cerimônia realizada na Prefeitura. Escolhidos em votação do Conselho Municipal de Política Cultural, os quatro primeiros Patrimônios Vivos do Recife são: Zenaide Bezerra (passista) e Antônio José da Silva Neto (Mestre Teté, à frente do Maracatu Almirante do Forte). E ainda as agremiações históricas Pierrot de São José e Gigantes do Samba, que há décadas desfilam e defendem a alegria, as raízes e a força da cultura recifense.
Na quarta (11/05), os quatro Patrimônios Vivos irão às para celebrar e desfilar suas tradições. A concentração será às 17h30, no Boulevard Rio Branco, no Bairro do Recife (na altura do Banco do Brasil). Delá, sairá o cortejo, com direito a orquestra de frevo e clima de Carnaval em plena quinta-feira. A Gigante do Samba levará para as ruas do bairro histórico sua bateria e suas baianas, mestre sala e porta bandeira. O Pierrot de São José desfilará completo, em cores e alegrias, evocando Momo em pleno mês de maio. Seu Teté comandará a percussão ancestral de seu Maracatu Almirante do Forte. E Zenaide completará o cortejo, acompanhada por passistas que congrega e forma há tantos anos. O desfile vai terminar no palco Recife, Cidade da Música, montado na Praça do Arsenal.
Após o cortejo dos Patrimônios Vivos, apresenta-se o Afoxé Oxum Pandá, seguido do grande encontro do frevo do Recife com o de Salvador, representados por Bia Villa-Chan e Armandinho, num congraçamento cultural entre as únicas cidades brasileiras com produção criativa e musical chancelada pela Unesco, que dá início às celebrações dos dez anos do frevo como patrimônio imaterial da humanidade. Os quatro patrimônios têm direito a bolsas de incentivo mensais, nos valores de R$ 1.650, para os indivíduos, e R$ 2.200, para os grupos, em caráter vitalício, inalienável e impenhorável. A formalização do registro dos quatro primeiros Patrimônios Vivos da cidade ocorreu em solenidade a ser realizada na Prefeitura do Recife, com a participação dos brincantes e brinquedos que acabam de ser oficialmente inscritos na posteridade da memória cultural da cidade, além dos conselheiros de Cultura do Recife e do prefeito João Campos (PSB). A Lei que cria o Registro de Patrimônio Vivo Municipal foi sancionada em 9 de setembro de 2021.
Conheça os primeiros patrimônios vivos do Recife:

Ela é considerada a mais antiga passista em atividade do Brasil. Zenaide Bezerra tem 73 anos de idade e pelo menos 65 de frevo. Começou a dançar reproduzindo os ensinamentos e movimentos do seu pai, o renomado passista Egídio Bezerra. Em 1975, montou um grupo de dança, Grupo Folclórico Egídio Bezerra, que se dedica a transmitir, desde então, as tradições pernambucanas a muitas gerações .de recifenses. Zenaide jamais aposentou a sombrinha e participa ininterrupta e efetivamente, até hoje, da programação do Carnaval do Recife.

Aos 76 anos, Antônio José da Silva Neto, nasceu, cresceu e foi até rebatizado entre os maracatuzeiros, sagrando-se o Mestre Teté, do Maracatu Nação Almirante do Forte, agremiação cuja história se confunde com a sua. Desde a infância, acompanhava as apresentações do grupo, que passou a integrar ainda aos 15 anos. Tudo isso seguindo os passos do pai, Antônio José da Silva, que atuou como fundador e primeiro presidente da agremiação. Com o tempo, Teté virou mestre, cantor e compositor do Maracatu Almirante do Forte, fundado em 7 de setembro de 1931 e declarado Patrimônio Cultural do Brasil, pelo IPHAN, em 2014.
O Bloco Pierrot de São José (foto superior) foi fundado em 1978 pela carnavalesca Sevy Caminha, que costurava para diversas agremiações. Até que decidiu criar a sua, para desfilar seu amor pelo Carnaval, junto com seus filhos, familiares e amigos do bairro de São José, honrando a tradição do lugar, conhecido como berço do carnaval do Recife. O bloco também já participou da programação carnavalesca de diversos outros municípios pernambucanos, assim como do Festival de Inverno de Garanhuns e outros eventos nacionais e internacionais. O Pierrot de São José tem repertório próprio e uma estética que se destaca nas figuras de Pierrots, Colombinas e Arlequins. Em 2012, recebeu comenda da Câmara Municipal do Recife, a medalha do mérito José Mariano, pela dedicação à cultura da cidade.

O Grêmio Recreativo Cultural e Arte Gigante do Samba foi oficialmente fundado em 16 de março de 1942. No entanto, existem registros da agremiação já em 1937, com o nome de “Turma Quente”, no Alto do Céu, bairro de Água Fria. Em 1938, o mesmo grupo sai às ruas com o nome “Garotos do Céu” e, só no carnaval de 1942, a agremiação é batizada com o nome atual e definitivo de Gigante do Samba. Inúmeras vezes campeã do Carnaval do Recife, já viajou para diversas partes do mundo divulgando a cultura recifense.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Luiz Henrique Santos/Arquivo Paço do Frevo; Costa Neto/Secult-PE; Marcelo Lacerda/Arquivo PCR; Sérgio Bernardo/Arquivo PCR
Tive a oportunidade e o privilégio de conhecer na casa 🏠 da cultura, onde todas às sextas feiras tínhamos frevo ciranda, xaxado, baião, seu grupo não era para folclórico não é orinrundo dás raízes culturaes mesmo, nunca vi uma mulher tão guerreira como Zenaide, uma perfeccionista em tudo que fazia e faz, porque a cultura está no seu sangue no DNA, parabéns para você Zenaide, porque Pernambuco, tem o maior orgulho em tela levando nossa cultura além das fronteiras de Pernambuco.