Patrimônio: “Preservar Pernambuco” vai virar organização da sociedade civil

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Criado em 2019, o Grupo “Preservar Pernambuco” está a caminho de se transformar em uma organização da sociedade civil, segundo informa o engenheiro Denaldo Coelho, coordenador daquele coletivo que tem por finalidade  defender o patrimônio histórico e cultural do Recife e do Estado, assim como desenvolver esforços para a preservação da nossa memória. Toda a documentação está sendo providenciada para que a OSC possa ser criada, o que facilitará as ações do grupo.

De início, segundo o engenheiro, pelo menos três mobilizações já estão previstas. Serão pela pela restauração da sede do Diário de Pernambuco e também do prédio do Arquivo Público Estadual. A terceira é lutar por sinalização turística no local do antigo e histórico Forte do Picão (do qual restam poucas ruínas no Porto, junto ao farol do Recife).  Embora ainda não oficializado, o Preservar Pernambuco tem um braço recreativo, que é o Grupo Bora Preservar, que faz passeios gratuitos temáticos pelas ruas do Recife. O último, realizado no domingo passado (26/5, foto acima) percorreu os pátios das igrejas do centro da cidade, que tanto peso têm na história urbana do Recife.

“Tivemos muitas reuniões, mas foram  reduzidas com a pandemia e ao isolamento social por ela imposto. Depois, fomos retomando os nossos encontros, e o projeto da OSC nunca foi esquecido, sendo que está bem perto de se concretizar em 2024”, diz Denaldo. O Forte do Picão é o menos conhecido dos três monumentos por ele citados. Até porque já não mais existe.

Também chamado de Forte do Mar, Forte da Barra, Forte da Laje, Forte de São Francisco, ele foi erguido no século 17 e destruído no século passado, nas obras de ampliação do Porto do Recife.  É tão importante para a nossa história que tem presença nos brasões de Pernambuco e do Recife. No entanto, alguns dos canhões que sobraram dos velhos tempos estão sendo comidos pela maresia. Em 2019 eram utilizados  para ancorar barcos (foto abaixo). Não sei qual a situação hoje. Foi contemplando as ruínas do Picão, que surgiu o embrião do “Preservar Pernambuco”.

Grupo Preservar Pernambuco quer que haja sinalização turística no local do antigo Forte do Picão

Já o Arquivo Público Jordão Emerenciano, situado na Rua do Imperador, é datado de 1731, e foi construído para servir de Câmara, Corte Judicial e cadeia pública, como era comum na época. Nele esteve preso Frei Caneca, herói da Revolução de 1817 e da Confederação do Equador, em 1824. No prédio, funcionava o Arquivo Público estadual até o início da gestão Raquel Lyra, que transferiu todo o seu acervo para outros locais, alegando que o velho imóvel precisa de reforma e manutenção. Até quando será a espera pela restauração é que ninguém sabe.

O outro alvo da futura OSC, é a antiga sede do Diário de Pernambuco, o mais antigo jornal ainda em circulação na América Latina (foi fundado em 1825). O prédio fica de frente para a Praça da Independência, no Centro. E é tombado pelo Estado, não só pela sua arquitetura mas também pela sua importância histórica, pois foi palco de lutas libertárias inclusive na época do Estado Novo. Chegou a ser empastelado várias vezes.  A antiga sede, no entanto, a cada dia se degrada mais, desde que a redação mudou-se para outro prédio. O edifício antigo já foi pilhado várias após a desocupação. Até o momento, o governo atual ainda não definiu qual será o destino do prédio secular, que tem tanta história. E ele só faz ficar em situação cada vez pior.

Entregue às baratas, a antiga sede do Diário de Pernambuco está ainda sem destino

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Alexandre Trindade, Emanoel Correia e Letícia Lins / Bora Preservar

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