Passeio por 482 anos de história

Compartilhe nas redes sociais…

Foi um passeio por 482 anos de história, bem no clima de aniversário do Recife, comemorados no próximo dia 12 de março. Para assinalar a data, o Grupo Caminhadas Domingueiras fez um percurso de sete quilômetros nesse domingo, partindo do Bairro do Recife, mais precisamente da Rua do Bom Jesus (foto), onde tudo começou, quando a vida da cidade se resumia a um pequeno porto, com seu vilarejo à beira do mar.  O ponto final do grupo foi no Museu da Abolição, no bairro da Madalena. Sob o comando do arquiteto, urbanista e consultor Francisco Cunha, cerca de 80 pessoas  fizeram o caminho percorrido pelos colonizadores e exploradores, nos séculos passados.

Ou seja, saímos do Bairro do Recife, passamos pelo de Santo Antônio – a chamada Cidade Maurícia do século 17 –  pela Boa Vista (àquela época tomada por sítios), Paissandu, Derby e fomos parar na Madalena, que era ocupada por engenhos de açúcar, nos primórdios de nossa colonização.  Estes se estendiam até a Várzea. “Como dizia Gilberto Freyre, o Recife era cercado por uma constelação de engenhos”, lembra o nosso guia, que ressaltou que o Recife é a capital mais antiga do Brasil (Olinda, dois anos mais velha, foi capital  no período colonial). No percurso, passamos por cerca de 20 locais, entre ruas, praças e pontes. E, claro, paramos em muitas delas. Ao ouvir uma descrição da paisagem da cidade entre o século 16 e 17, fiz uma viagem imaginária ao Recife de então. E como ele era lindo, com seus fortes, seus arcos e as igrejas que foram demolidas.

Ao chegar à Ponte Maurício de Nassau, por exemplo, tomei conhecimento que a atual é a terceira versão. E que, no passado, ela possuía lojinhas como ainda hoje se observa na cidade italiana de Florença. Em 1860, na sua segunda versão, a Ponte era de ferro – semelhante à da Boa Vista – mas qa partir de 1917 ela tomou, então, sua feição definitiva. Também é incrível constatar como o Recife era coberto por tanta água. Quarteirões hoje existentes eram manguezais antigamente, que sofreram aterros ao longo dos tempos. Soubemos que na esquina da Rua do Imperador com a Primeiro de Março fica o local onde funcionou a primeira residência do Conde Maurício de Nassau (o prédio original não mais existe) e que no andar superior havia um observatório astronômico. Chegamos, em seguida, à Praça da Independência, a Nova Cidade Maurícia, onde se desenvolvia um pequeno comércio na época de Nassau. Apesar de sua história, a praça está abandonada, suja e com muito lixo em seu laguinho.

Passamos pela Rua Nova, na esquina em que João Pessoa foi assassinado. Em seguida, Rua da Imperatriz, e chegamos à Praça Maciel Pinheiro, onde se estabeleceram judeus que fugiam da Segunda Guerra Mundial. Foi o segundo grande registro da chegada deles, já que a primeira ocorreu na Rua do Bom Jesus, até o período de ocupação flamenga. Passamos, depois, pela Praça Chora Menino, de história curiosa. É que, em 1831, durante a Setembrizada, muitas crianças ou seus pais teriam ficado entre os 300 mortos do combate. E há relatos de assombrações noturnas, com choros de crianças, motivo que deu origem ao seu nome. Ponto final no Museu da Abolição, onde morou o Conselheiro João Alfredo. Entre os engenhos que se instalaram por ali, alguns viraram nomes bairros como o do Cordeiro e o Engenho do Meio. No decorrer da semana, voltarei a relatar informações, curiosidades e observações na edição de março de 2019 das nossas Caminhadas Domingueiras.

Veja galeria de fotos:

Leia também:
O charme dos prédios da Bom Jesus
O ferro na arquitetura do Recife
Trem virou saudosa memória em Pernambuco
Que saudade do apito da locomotiva
No rastro das Caminhadas Domingueiras
Uma pérola na comunidade do Pilar
Praça Dom Vital parece ninho de rato
Você está feliz com o Recife?

Texto e fotos da galeria: Letícia Lins/ #OxeRecife

Continue lendo

4 comments

  1. Letícia, seu relato foi fiel ao que acompanhamos na manhã de hoje com a visita monitorada pelo Prof. Francisco Cunha.
    Me senti honrado em percorrer este trajeto com ele.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.