Pernambucano do Recife, Pedro Lira é sócio fundador do Natureza Urbana. Trata-se de escritório de arquitetura, urbanismo e planejamento estratégico localizado em São Paulo, com especialidade em projetos de grande escala. Tais como equipamentos de uso público e de interesse turístico, no âmbito das cidades e de áreas naturais. Representante do Brasil na WUP (WordUrban Parks) e consultor do United Nation Office for Planning Services (Unops), ele acha que a pandemia que eclodiu no mundo convida a uma reflexão quanto ao papel do homem na preservação da natureza. Decidiu fazer uma enquete sobre os locais provavelmente mais frequentados pelos brasileiros na pós-pandemia. Resultado: os parques e praças aparecem em primeiro lugar, com 55 por cento das indicações.
Ele ressalta que a enquete aponta para a tendência de maior valorização dos espaços livres nas cidades, que se confirmarão como os principais locais de lazer, para a realização de atividades físicas e até escolares, já que nesses espaços o distanciamento social pode ser mais bem administrado. “Os resultados fortalecem a ideia de que a criação de mais parques equipados, associados a equipamentos de interesse público, sejam eles escolas, mercados, bibliotecas ou outras instituições que possam estender suas atividades ao espaço livre seja uma solução, principalmente em grandes centros áridos como São Paulo”, diz. A enquete – aplicada com o objetivo de saber o que pensam as pessoas quanto aos locais que serão mais frequentados pós pandemia – foi feita nas redes sociais do Natureza Urbana, segundo informam Pedro e Manoela Machado, que são sócios do escritório.
A enquete obteve respostas de aproximadamente 1000 participantes que se interessam por temas como planejamento urbano, mobilidade, política, arquitetura e turismo. A maioria das respostas vieram de Minas Gerais (11%), Ceará (10%), Bahia (10%), São Paulo (8%) e Pernambuco (8%). Questionados sobre quais locais serão mais frequentados pós-Covid-19, 55% apontaram para parques e praças, 22% para bares e restaurantes, 17% acreditam que espaços para o pedestre em geral serão os mais buscados. Tidos hoje como templos do consumo, os shopping centers aparecem em apenas seis por cento das indicações. A respeito do efeito sobre deslocamentos e quais meios de locomoção serão os mais privilegiados, 65% apostam em transportes que permitam deslocamentos de forma individual, como bicicletas, a pé ou veículos, 23% optaram por evitar deslocamentos, enquanto apenas 12% afirmam que vão buscar mais ônibus e metrô, sendo a maioria (65%) na faixa etária entre 18 e 24 anos.
“O impacto negativo da atividade humana e suas consequências para o planeta pode ser visível a partir do atual período em que o mundo enfrenta. Pesquisa realizada por Marshall Burke, da Universidade de Stanford, nos EUA, aponta que o isolamento realizado pelo governo chinês durante a epidemia diminuiu de forma expressiva a poluição por lá, o que pode ter salvado a vida de, ao menos, 50 mil pessoas.”, diz. Para Lira, o estudo apenas reforçou que o desenvolvimento desenfreado nos fez chegar onde estamos hoje, e que apenas um repensar na forma em como vivemos e nos relacionamos com o meio ambiente permitirá ao homem uma vida longa e saudável.
“Tal alegação parece não ser novidade, mas foi preciso uma pandemia para que a levássemos a sério”, explica. Com relação aos espaços de trabalho, 81% acreditam que a relação mudará de forma permanente, e 72% acreditam que haverá uma redução na demanda por edifícios de escritórios. Por fim, perguntados livremente sobre quais hábitos serão criados nas cidades pós-pandemia, a maioria confirma a tendência de se evitar deslocamentos com o aumento do home office, de compras on-line e ensino a distância, havendo ainda uma demanda por um número maior de espaços públicos e mais amplos.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Natureza Urbana / Divulgação