Ao longo desses anos em que está no ar, o #OxeRecife tem feito campanha contra a ação da motosserra insana e contra o excesso de árvores degoladas nas ruas da cidade, que corre o risco de se transformar na capital nacional do arboricídio. Ao mesmo tempo, insiste em maior arborização para a cidade, que já enfrenta ilhas de calor da Zona Norte à Zona Sul.
Como se isso não bastasse, os novos parques, praças e jardins implantados no Recife possuem menos espaços permeáveis e mais espaços concretados. Um modelo bem diferente do que era observado no passado. Tenho ouvido arquitetos e urbanistas que embora elogiem a implantação desses ditos “espaços verdes” reclamam do excesso de asfalto e cimento nessas áreas que deveriam ter muitas árvores, canteiros, jardins.
É só o cidadão ir, por exemplo, ao novo Parque Jardim do Poço, onde cerca de 40 árvores, boa parte centenária, foram eliminadas durante a implantação. Depois, pode observar praças como a de Casa Forte ou a do Entroncamento, para perceber caminhos de terra, canteiros e muito verde. Concreto, quase zero. E um equilíbrio grande entre as áreas concretadas e as naturais. Ambas têm a assinatura do saudoso paisagista Burle Marx, e os nossos gestores públicos deveriam nele se inspirar, na hora de implantar “áreas verdes”, pois muitas dessas só possuem de verde mesmo o nome.
Tenho me dedicado a observar praças implantadas inclusive nos altos do Recife, alguns já em situação de ilhas de calor. Há pouco verde, muitas cores e concreto de sobra. A última praça em que estive, no entanto, foi na na orla. Melhor dizendo, em Brasília Teimosa, ali bem pertinho do famoso Buraco da Véia. Estive lá durante uma caminhada com o Grupo Bora Preservar. Os equipamentos são novos: banquinhos, jarros brancos gigantes e alegretes (canteiros). Pois bem, os jarros estão vazios. E não há um só alegrete, com uma árvore plantada. São seis ao todo, se não me engano.
É verdade que a pracinha fica à beira-mar, e que o que for lá plantado sofrerá a ação do ar sempre forte que sopra em direção ao continente. Uma brisa às vezes muito forte. Mas é verdade, também, que há espécies apropriadas para esse ambiente. Então, por que não plantá-las, tornando o local mais aprazível, mais aconchegante e com maior conforto térmico? Nem é preciso ser técnico, nem paisagista, nem urbanista, para se perceber essa necessidade, percebida por qualquer cidadão.
Infelizmente, o problema da arborização no Recife permanece preocupando. Por esse motivo, o #OxeRecife tem duas séries de caráter permanente: #paremdederrubarárvores e #recifemergênciaclimática.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife