Parem de derrubar árvores: Moradores do RS, TO e PA contra o arboricídio

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Na capital pernambucana, como mostramos aqui na série #paremdederrubarárvores – que virou uma campanha de caráter permanente do #OxeRecife, em defesa do verde da cidade – é grande a quantidade de arboricídios, de árvores suprimidas em áreas públicas e privadas, sem que ninguém reclame, nem que os órgãos públicos tomem providências. Nos últimos dias, tivemos três bons exemplos de cidadãos contra arboricídios criminosos em dois extremos do país. Um, no Rio Grande do Sul. O outro no Pará. E um terceiro no centro geográfico do Brasil, em Tocantins.

De acordo com o site Matinal (RS), o biólogo Daniel Meyer encaminhou denúncia ao Ministério Público Estadual daquele estado,  ao constatar o sumiço de 329 árvores “após terem sido cortadas pela idade, entre outros fatores”. O total suprimido equivale a cinco por centro da quantidade de árvores no Parque da Redenção, também conhecido como Parque da Farroupilha, que fica em Porto Alegre. Ao passar pelo parque, ele notou “a ausência de cobertura vegetal” . Decidiu não só computar as perdas, como também cobrar providências legais contra o crime.

“Em material enviado ao MP em 3 de outubro, Meyer sugere que a prefeitura de Porto Alegre faça o replantio de cinco mudas para cada item catalogado”, informa o site. “Com esse acréscimo, a Redenção receberia 1645 novos vegetais”. A denúncia do biólogo se somou a outras já feitas sobre cortes ou podas de árvores na Redenção, que levaram à abertura de um inquérito para “averiguar depredação do Patrimônio Cultural no Parque Farroupilha”. Segundo a Promotora de Defesa do Meio Ambiente Annelise Steigleder, a prefeitura será oficiada para prestar esclarecimentos sobre os fatos apresentados por Meyer (está bom de o MPPE seguir o mesmo exemplo no Recife, onde tem uma degola em cada esquina…)

O último plantio no Parque de Porto Alegre ocorreu em dezembro passado, quando a Redenção recebeu 33 novas mudas. Ou seja, para compensar as 329. perdas, há um longo caminho a percorrer. Em Alter do Chão –  distrito turístico de Santarém, a 1251 km de Belém – houve há alguns dias outro flagrante de desrespeito à natureza. Alter fica às margens do Rio Tapajós e é considerada pela imprensa internacional como a praia fluvial mais bonita do mundo, local maravilhoso que tive o prazer e a sorte de conhecer há alguns anos e ao qual pretendo retornar um dia. Pois bem, em outubro a areia da praia perdeu uma árvore imensa, o que deixou indignada a população, que já vem reclamando do avanço da especulação imobiliária em um dos últimos paraísos brasileiros. Além de fazer um protesto no local, a comunidade se juntou e plantou uma árvore para compensar o arboricídio. Detalhe: a árvore, secular, foi derrubada para abrir espaço para uma festa de casamento. Em Tocantins, a população entrou em guerra com a Igreja e a Prefeitura da cidade de Santa Rosa do Tocantins, localizada a 158 quilômetros de Palmas. Tudo porque o pároco da cidade, Padre Pablo Luiz Viana, decidiu derrubar um pequizeiro que vinha frutificando há treze anos. A erradicação foi aprovada pela Prefeitura. O padre queria construir uma sala de aula para catequização e uma cozinha para a paróquia no local da árvore. A confusão criada pela população foi tão grande, que a Prefeitura terminou suspendendo a autorização para supressão da planta, que foi mantida. Ufa…

A árvore já vinha sofrendo o suplício de um envenenamento criminoso. Sim, tem gente que envenena as árvores. No Recife, houve uma imobiliária que foi multada por envenenar uma mangueira em plena frutificação, no bairro do Rosarinho. Tudo para abrir vaga no estacionamento da empresa. A população não impediu o arboricídio, mas a gritaria foi geral e findou em punição para os arboricidas, que aplicavam injeção de veneno na fruteira. Assim, a morte poderia parecer natural.

Já o pequi do Tocantins resistiu ao veneno. E sobreviveu, para a alegria da comunidade. Não é a primeira vez que a população de Tocantins se mobiliza para evitar a derrubada de um pequizeiro. Em Araguaína – a 382 quilômetros de Palma – uma árvore da espécie, que seria suprimida pela Prefeitura para calçamento da Rua Raizal,  foi salva pelo clamor da cidade. A confusão foi tão grande, em 2020, que a árvore foi preservada e vive até hoje no meio do asfalto. Ganhou uma mini praça e banquinhos, que são curtidos por adultos e crianças sob a sombra. Virou até nome de maratona local, a “Corrida do Pé de Pequi” . O pequi é protegido por legislação federal. Em Tocantins, também, pelas leis estaduais, pois no estado é considerada patrimônio cultural imaterial, gastronômico e ambiental. Viva a natureza! O Recife precisa, urgentemente, de pessoas, grupos sociais e autoridades que defendam as árvores da motosserra insana. Que o façam como no Rio Grande do Sul, no Pará e em Tocantins.

#Paremdederrubarárvores! Porque do jeito que está… não dá! Nos links abaixo, acompanhem outras árvores eliminadas fora do Recife, a capital nacional do arboricídio.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Daniel Meyer (RS) e redes sociais

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Um comentário

  1. Parece que o *Oxerecife está fazendo escola,influenciando e, em consequência, mobilizando seguidores preocupados com a preservação do meio ambiente e, principalmente,a preservação e manutenção das nossas árvores. Essa ação permanente do *Oxerecife está ultrapassando a nossa região despertando nos cidadãos de norte à sul a importância das árvores, do cuidado que elas merecem e do retorno imenso que elas nos proporcionam.Muito triste o que aconteceu em Alter do Chão. A Igreja deveria ter cancelado a cerimônia em protesto ao arboricídio ,mas ao que tudo indica ,foi conivente. Lamentável…

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