Parem de derrubar árvores (Olinda,3). Cinco palmeiras substituem os fícus

Há árvores que são muito icônicas,  em suas  respectivas paisagens. No Recife e em Olinda, temos alguns exemplos. Como os baobás que ficam na Praça da República (Bairro de Santo Antônio) e aquela do próprio Jardim do Baobá (nas Graças) ou ainda aquele da Rua do Sol, em Olinda. Os três fazem parte, também, das memórias e afetos dos moradores das duas cidades. Felizmente, os exemplares da espécie – tida como o maior colosso vegetal do mundo – resistem ao sol, à chuva, às ventanias e estão imunes à sanha destruidora dos homens. O das Graças inclusive correu grande risco de ser eliminado do mapa, nos anos 70 do século passado. Sobreviveu devido à grita geral da população, e ao esforço de Napoleão Barroso Braga, que era fã da planta.

Outras árvores, porém, sucumbiram à ação da motosserra insana, deixando tristeza no coração de recifenses e também de olindenses. No Recife, eis alguns exemplos. Em Santo Antônio, as antigas palmeiras do Pátio do Carmo estão reduzidas a quase zero. Os alegretes onde elas davam o ar da graça estão vazios, em grande parte. Na frente do histórico prédio da Associação Comercial, no Bairro do Recife, foi erradicada uma amendoeira que, ainda hoje, circula em todas as fotografias oficiais da ACP, que fica em frente ao Marco Zero. Nos sites de órgãos de turismo, nos “flicks” oficiais e até nos clássicos e cada vez mais raros cartões postais, a amendoeira está lá. Linda e imponente. Na realidade, ela não existe mais.  Virou realmente um cartão postal, mas do passado.

Como a calçada sem a amendoeira em frente à Associação Comercial de Pernambuco, no Marco Zero, essa paisagem em Olinda jamais será a mesma sem os fícus centenários que foram vítimas da motosserra insana.

Outra árvore cujo corte gerou comoção no Recife, foi aquele fícus imenso, que vivia na esquina da Rua da Aurora, na cabeceira da Ponte Santa Isabel. Ela era poderosa, fazia uma sombra grande, e o lamento foi geral. Partindo de flanelinhas a  executivos que circulam na região. Só aqui no #OxeRecife, choveram lamentações, quando a motosserra insana degolou o gigante e ele caiu. Pois bem, o último corte, aliás, o último arboricídio de plantas icônicas, que integravam a paisagem,  ocorreu na Praça Monsenhor Fabrício, em Olinda. Aquela que fica em frente à sede da Prefeitura, o antigo Palácio dos Governadores. Muito triste o corte. Muita gente indignada. O registro foi feito inclusive aqui no #OxeRecife. Teve gente que chorou, quando viu a degola. Outras lamentaram, com muita tristeza, nas redes sociais quando o corte começou

Uma dessas pessoas que se mostraram indignadas com a “nova paisagem”, em registro fotográfico feito no último domingo, foi o meu amigo Fernando Batista, que reside em Salvador. Ele é antropólogo, mas  – como eu – ama as árvores. E tomou um susto, quando viu o desfalque. Porém como a Prefeitura de Olinda havia prometido, a reposição já foi feita.  Ocorreu nessa quinta-feira (4/3). Os fícus gigantesco foram substituídos por palmeiras imperais, que também são plantas bonitas mas pouco frondosas. A mudança foi autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo o engenheiro agrônomo Luíz Campelo, da PMO, as novas plantas não implicam em riscos, como o fícus, que é uma árvore cujas raízes são indomáveis.  “As raízes das palmeiras não danificam calçadas, muros e prédios”, disse. O conserto das calçadas começa ainda hoje. Pelo menos, Olinda fez logo a reposição do que tirou, ao contrário do Recife, onde o que se vê é só tronco degolado nas ruas. Pena só que árvores tão frondosas e com tanta sombra tenham sido substituídas por palmeiras. Mesmo assim, as imperais são bonitas. E é melhor reposição (mesmo que de outra espécie) do que nada (como, aliás, é comum observar-se na minha cidade, o Recife).

Nos links abaixo, você pode observar informações sobre outras árvores icônicas que surgiram do mapa, não só no Recife, como em outras cidades brasileiras.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Fernando Batista / Cortesia

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