Parem de derrubar árvores: A vingança da natureza

É assim. A motosserra insana, seja de empresas públicas ou de particulares, vem e dá o golpe. Guilhotina sem dó as árvores que alegram nossas calçadas, distribuindo sombra e ar para a  gente respirar.  Mas, semanas depois, chega a vingança da natureza e a planta recomeça a brotar. Em muitos casos, sobrevivem. Em outros, a motosserra insana volta e acaba com o que ficou. São os golpes de misericórdia, cada dia mais comuns no Recife, que deixam nossas árvores sem a mínima chance de sobrevivência.

Já vi muitas árvores guilhotinadas, com seus troncos reduzidos a menos de dois ou três metros que voltaram a desabrochar, como se estivessem a se vingar do golpe a que foram submetidas. Mas não dá nem tempo de comemorar, porque nas minhas caminhadas percebo que alguma alma sebosa não deixa a planta voltar a crescer, a desempenhar de novo o seu papel na natureza. Eu, que costumo muito caminhar a pé pela cidade, estou cansada de observar esse tipo de maldade. Grande parte delas ocorre em estacionamentos de galerias comerciais ou lojas, que querem abrir espaço para os automóveis. Sempre eles. Outras, ninguém sabe por quais motivos, ficam nas calçadas  e, mesmo assim, são impedidas de sobreviver.

Na Rua Real da Torre,  árvore sofreu vários golpes de foice, mas sobreviveu à tentativa de arboricídio

Há  casos até de envenenamento patrocinado por particulares, inclusive constatado por órgãos oficiais do Recife, com aplicação da devida multa, como já ocorreu com o escritório de uma imobiliária, no bairro do Rosarinho. Ultimamente, observei dois casos de vingança da natureza. Um na Madalena (na Rua Real da Torre, foto central), e outro em Apipucos (na Rua da Alliança, foto superior).

A árvore da Madalena sofreu golpe de foice praticado por particular. Virou um toquinho, conforme foi postado aqui no #OxeRecife, na série  Pare de derrubar árvores (307).  Mas as últimas chuvas fizeram tanto bem à vítima de tentativa de arboricídio que ela está assim, verdinha, como vocês observam na foto central. Até enquanto não sofrer  um outro golpe mortal.

Na Rua da Alliança, em Apipucos, uma árvore frondosa enfrentou a motosserra e dela só restou o caule com uma certa altura. Mas as chuvas também lhe fizeram tanto bem, que ela voltou a brotar e os galhos crescem com tanta rapidez que, pelo menos, já protegem a residência vizinha do calor do sol. Logo após o corte, houve aumento brusco de dois graus na temperatura interna na minha casa, que fica ao lado da planta.  Com o crescimento da folhagem, já dá para sentir maior conforto térmico. Ainda bem.

Nos links abaixo, você pode conferir outras perdas do nosso patrimônio urbano verde em Apipucos e na Madalena. E observar como ficaram as duas árvores, depois da ação de particulares.

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Na Madalena:
Parem de derrubar árvores (307)
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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