Parem de derrubar árvores (493A). Obra pública sacrifica 130 em Boa Viagem

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O Recife acaba de perder 130 árvores. Pelo menos, esse é o número indicado pelo próprio Secretário de Habitação da Prefeitura,  Felipe Curi, em gravação divulgada nas redes sociais. É que no final de semana, o município foi bombardeado pelos moradores  do bairro de Boa Viagem, que botaram a boca no trombone quando viram as árvores seculares sendo derrubadas, durante “limpeza” do terreno para a construção de 500 unidades habitacionais. Nos vídeos por eles divulgados  aparecem árvores caindo, animais se evadindo, diante da ação da motosserra insana, devido aos arboricídios em massa.

Praticamente um mini bosque, as árvores compunham um perímetro onde antes funcionava a Vila da Aeronáutica. E era o que restava de verde em área cercada por espigões. No local, a Prefeitura do Recife quer implantar 500 unidades habitacionais. No sábado (16/8) – dia que começou o bombardeio na Web – a obra foi embargada à tarde pelo Governo de Pernambuco, através da Secretaria do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha (Semas-PE) e da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH). Porque, de acordo com o estado, “o licenciamento e a documentação apresentados pelo município não atendem aos requisitos legais necessários para a continuidade do empreendimento”. À noite, Curi deu o troco nas redes sociais. Ele apresentou-se como Secretário de Habitação e classificou como “muito estranhas as coisas que aconteceram” naquela tarde do sábado. Lembrou que o terreno em questão pertence “ao município do Recife”, devido a “uma parceria com o governo Lula para garantir moradia digna para o povo”. E reclama: “De repente, não mais que de repente, chegou aqui um aparato para impedir essa obra”. E assegura que tem a regularidade do serviço.

“Temos a licença ambiental do município que permite a erradicação de 130 indivíduos arbóreos. A gente vai replantar o dobro dessa quantidade, e quem está por aí dizendo que é a favor das árvores é contra as pessoas virem morar aqui, porque é Boa Viagem. O povo merece morar em Boa Viagem. A obra é de R$ 90 milhões, e o Prefeito (João Campos) teve coragem para fazer o melhor projeto habitacional do Recife”.

Em seguida, lançou um desafio no canteiro de obras, conclamando as máquinas a continuarem a devastação. “A obra está aqui moendo e não vai parar. Mostre aqui (dirigindo-se a quem fazia as imagens). Está aqui moendo, e não vai parar não”.

Resultado: Na tarde do domingo (17/8), a CPRH recebeu nova denúncia de desmatamento e retornou ao local, “desta vez com ruptura do embargo aplicado no último sábado”, conforme a Agência. “Apesar da autuação da CPRH, a infração voltou a ocorrer no domingo”. O que significa novas sanções. “A vistoria realizada pela CPRH  identificou e registrou alterações na área que havia sido embargada, o que caracteriza infração da Lei Estadual 14.249/2010, que prevê aplicação de embargos, suspensões e multas”.

Tudo bem, habitação popular  é bom e eu gosto. Iniciativa mais do que necessária. Porém, porque se sacrificar tantas árvores? Porque não integrar o projeto arquitetônico ao patrimônio verdeexistente? Antigamente, casas populares tinham um jardinzinho, um pequeno quintal, onde os moradores cultivavam fruteiras de pequeno porte, hortaliças. Mas quando vejo as habitações atuais, lembro-me muito desse exemplo da foto abaixo, que encontrei no livro “Nossa Escolha – Um plano para solucionar a crise climática”, de Al Gore. Trata-se da paisagem atual da cidade Ixtapaluxa, do México. Se ninguém gritar, vai tudo terminar assim. O que vocês acham?

Se a gente calar, o Recife caminha para ficar com menos verde do que já tem: Vide exemplo acima, no México

Nos links abaixo, perdas verdes em massa, em vários bairros do Recife. Confira um dos vídeos feitos pela CPRH sobre a devastação da área verde relacionada no post.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: CPRH/ SEMAS PE;  e  Divulgação e reprodução do livro “Nossa Escolha”

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Um comentário

  1. Claro que habitação popular é importante e urgente, mas os projetos habitacionais podem e devem ser integrados às áreas verdes existentes, sem precisar sacrificar árvores que são de extrema importância para o bem estar da população, oferecendo sombra,frutos,ventilação e reduzindo ilhas de calor que afetam a nossa cidade, sobretudo Boa Viagem, verdadeira selva de pedra.

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