Há uma semana, mais precisamente no dia 27 de abril, fui ao Cinema do Museu, que funciona na Fundação Joaquim Nabuco, em Casa Forte, quando me deparei com um barulho infernal. Fui até a calçada, antes da sessão começar, e presenciei a ação da motosserra insana. Um caminhão girafa, escada e vários homens faziam uma poda em um fícus, defronte do Centro Médico Senador Ermírio de Morais. Pensei: vão matar a árvore, pois em outras áreas houve erradicações durante obras do Programa “Calçada Legal”.
E aí, já fiquei de olho. Felizmente, quando saí do cinema, já à noite, percebi que o corte havia sido grande, mas que a planta estava preservada. Fiquei feliz com a exceção da regra. No sábado (3 de maio), logo cedo, recebo duas mensagens via Zap. Uma de Marcus Andrey, que costuma andar pelo bairro. E outra de uma amiga, servidora municipal, que pediu para não se identificar. Ambos lamentando o sacrifício de planta tão antiga, e que já se identificava com aquele trecho do bairro (tanto quanto aquele outro fícus, que ficava na esquina da Rua da Aurora com a Ponte Princesa Isabel).
Mas eu já tinha constatado a bagaceira, logo cedo, quando trafeguei pela Avenida Dezessete de Agosto, para deixar um tapete na lavandaria do bairro. Estava lá, mais uma vítima de arboricídio, no Recife da emergência climática. Da sexta (02/5) para o sábado (3/5) a bonita árvore foi assassinada.

Ou seja, a árvore foi totalmente degolada. Dela, para variar, só sobrou o toquinho e o pó de serra espalhado pelo chão. Encontrei na parada do ônibus um morador da Rua Caetés (que fica depois do Açude de Apipucos, no sentido subúrbio cidade), que me reconheceu e reclamou do arboricídio. Não lembro o nome dele, mas me informou que costumava caminhar até lá para pegar o ônibus porque achava o fícus bonito e curtia a sombra imensa que ele ofertava.
“Agora, o que vai sobrar aqui é calor demais, não sei porque matam tantas árvores ‘de graça’ aqui no Recife. Eu, sinceramente, também não sei. Mas com certeza, em termos de patrimônio verde, alguma coisa está errada no Recife da emergência climática e capital nacional do arboricídio. Enquanto em países como o Japão, as autoridades fazem “transplante” de árvores que seriam sacrificadas para ceder espaço para obras, aqui basta uma requalificação de calçada ou implantação de parque, para que sejam eliminadas. Que Deus salve o nosso verde, porque se depender dos homens e das nossas autoridades… a situação está ruim. O pior é que essa situação está se banalizando, e ninguém faz nada. Nem os órgãos ambientais, nem urbanistas, nem o Ministério Público. Só aqui no #OxeRecife, na campanha #paremdederrubarárvores, já somam 470 as postagens, com 1223 registros de árvores que foram riscadas do mapa da cidade. O que é um horror absoluto. Lembrem-se, essas são apenas as árvores que encontro decepadas pelos meus caminhos. O número real, portanto, deve ser muito maior. Depois ainda tem quem reclame do calor do “Hellcife”. Por várias vezes já solicitei aos órgãos públicos competentes o inventário de árvores eliminadas da cidade e a quantidade de plantadas, para ver o saldo.
Mas resposta que é bom… nada! No vídeo abaixo, o início do abate, que parecia ser apenas uma poda. Mas não foi. O que era poda, virou arboricídio. Mais um.
Nos links abaixo, você pode conferir mais informações sobre o fícus e também sobre outros abates no bairro de Casa Forte. Meu Deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeus!
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mmmm
Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife
Aqui em Jardim São Paulo foi cometido em uma só rua 2 arboricidios ” de graça”, isto é, sem nenhum motivo para tal. Vou providenciar as fotos com a localização exata do ato para enviar para o OxeRecife
Sim, Marcos Félix, envie por favor. É importante ter o nome da rua, e os números dos imóveis que ficam em frente ao arboricídio. Ou, no mínimo, um ponto de referência. Porque aqui no #OxeRecife, a gente mata a cobra e mostra o pau. Para depois não dizerem que estamos inventando. É triste a nossa situação.
Sim, Marcos Félix, envie por favor. É importante ter o nome da rua, e os números dos imóveis que ficam em frente ao arboricídio. Ou, no mínimo, um ponto de referência. Porque aqui no #OxeRecife, a gente mata a cobra e mostra o pau. Para depois não dizerem que estamos inventando. É triste a nossa situação. Marcos, envia para leticialins@uol.com.br