Parem de derrubar árvores (459). Sete degolas à margem do Açude de Apipucos

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“Sete tocos nesse casarão aqui perto”, me informa meu filho Thiago que, como eu, é um apaixonado pela natureza, e gosta de curtir árvores, flores e pássaros. Quando criança, certa vez me pediu que plantasse russélia (flor-de-coral) aqui em casa, o que me surpreendeu. Porque essa planta, como você sabe o nome? “Por que li em um livro sobre colibris, que ela atrai  pássaros como o beija-flor”. E é verdade. Até hoje, cultivo a espécie na varanda e no meu pequeno jardim e eles gostam mesmo dessa flor. Não é de estranhar, portanto, que em seu passeio matinal de bike, ele tenha se assustado ao observar a cena da foto acima, que é a mesma da foto abaixo. Bom lembrar que o Açude(com o seu entorno) é área de preservação ambiental, uma APA.

Sete árvores que foram vítimas de arboricídio e da motosserra insana. Mas a culpa, aí, não é do serviço público pois elas ficam em área interna. Tomei um susto, pois as árvores, junto às palmeiras, emprestavam um certo encanto à paisagem do Açude de Apipucos que, embora com sua água poluída, ainda ostenta um resto de vegetação remanescente de Mata Atlântica. E, junto com a flora, sua sobrevivente fauna, como  a galinha-d’água-azul, o carcará, a lavadeira, a viuvinha, as garças, o pato-do-mato, o tetéu, algumas poucas espécies de peixe e até… jacarés. Capivaras, sim, aparecem, mas são raras hoje. Com a destruição da vegetação que resta, fica difícil preservar o que sobrou desses animais que circulam entre o Rio Capibaribe e o lago, que é um dos cartões postais da Zona Norte do Recife.

A área onde houve os arboricídios é distante e só é acessível por barco, mas mesmo assim dá para contar sete toquinhos

Há alguns dias, na minha caminhada matinal, havia observado montanhas de galhos jogados no Açude, exatamente atrás desse imóvel da foto. Mas eram tantos que nem percebi que os arboricídios haviam sido cometidos em série. Foram sete, ao todo. Das árvores só restaram esses “tocos”, como diz Thiago. O problema da destruição da vegetação, tão cara a todos nós, nesse Recife da emergência climática não é tudo, no entanto.

Além de destruir as árvores, quem o fez jogou os galhos mortos sabem onde? Na água no Açude. Sobrou muito trabalho para os garis da Emlurb, que passam o dia pacientemente recolhendo o lixo que as pessoas descartam irregularmente na antes cristalina  lagoa. Segundo moradores do entorno, até os anos 1970 ele era muito usado para banho e também pelas lavadeiras que dali tiravam o sustento da família com o que era chamado antigamente de “roupa de ganho”. No início do século passado, Gilberto Freyre já reclamava das águas sujas do Capibaribe, mas exaltava a transparência da do açude.

O mesmo local em outra hora do dia, porém a iluminação do final de tarde não permite contagem dos tocos

Segundo me informou um trabalhador da equipe de limpeza  da Prefeitura, foram necessárias dez viagens de barco para retirada dos restos mortais das vítimas de arboricídio que foram jogados no Açude. Sei não… Onde anda a consciência ambiental da população? Primeiro, mata-se as plantas. Depois, joga-se o que virou lixo na água, sem chance sequer de aproveitar esse material vivo para ser triturado e transformado em adubo. A Prefeitura, aliás, tem caminhão só para isso. Para moer troncos, galhos e folhas que terminam sendo aproveitados para canteiros e jardins públicos.

Nos links abaixo, registros de arboricídios nos bairros vizinhos de Apipucos e Macaxeira.

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Parem de derrubar árvores 203
O Recife da paisagem mutilada
Cadê o Bosque do Parque Urbano da Macaxeira?
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Thiago Lins Pereira (Cortesia) e Letícia Lins / #OxeRecife

4 comments

  1. Urgente, o Palácio da Arquidiocese de Olinda e Recife virou devastação. Se a Equipe do Blog entrar pelo Estacionamento vai levar um susto.

  2. Que notícia triste,Letícia!
    E o mais incrível é que as árvores degoladas, aparentemente,não estavam causando nenhum problema, não obstruiam a passagem ,não estavam com risco de tombamento…
    Lamentável!
    Sobre a notícia do Sr.Edjailson Xavier sobre o Palácio da Arquidiocese de Olinda e Recife isso vem ocorrendo de fato.Há uns três anos atrás eles degolaram um cajueiro enorme,em plena floração e que dava uma sombra maravilhosa na entrada do prédio.
    Revoltante!

  3. Leticia, sinto lhe informar, o Palácio da Arquidiocese de Olinda e Recife vai virar um Deserto, imagine que desde segunda feira é um derrubar de Árvores e Podações Destruidoras, acordamos ao som terrível e criminoso de uma motosserra e de caminhões levantando os entulhos, a poluição sonora tá grande, e a poluição visual é triste e avassaladora, onde tínhamos sombras, temos destruição. Não posso reclamar, alí no Palácio tem um Comando de Nata Política e Ideológica do Estado, muitos Ateus e Comunistas/Socialistas Ferrenhos que nomeiam quem eles querem para serem Bispo ou Arcebispo e com essa gente não se brinca, são capazes de dizer que meus Estudos Teológicos são fake news e vão pedir para a Policia Política do Regime me prenderem e perseguirem minha Família. Mas, as Árvores estão chorando nas minhas janelas e na minha alma, a quem poderei reclamar ??? Habemus Papam no Recife ????

  4. Até quando vamos continuar lendo crimes como estes? Parem de derrubar árvores, poluir nossos rios, açudes e nascentes. A natureza não reclama, ela vem dando o troco. A raça humana é a única que destruí seu habitat. Será que somos realmente racionais?

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