Com o fim das chuvas, nada como a volta às caminhadas. Andar pelos bairros, cruzar o Rio Capibaribe pelas pontes, visitar o Jardim do Baobá, percorrer a pé a Avenida Beira Rio, vendo o mangue crescer, é tudo muito saudável. Esta semana, encontrei um senhor idoso que parou a sua bicicleta na esquina da Rua Marcos André com a Beira Rio. Eu passava pela mesma calçada, atenta às árvores “assassinadas”, que sempre acho nos meus caminhos.

E ele só tinha olhos para o rio. “Vou parar para observar o verde dos manguezais, é tão bonito. Veja os pássaros”, disse ele. O trecho – atrás da sede do extinto Banorte – é um dos mais desertos da via, e por esse motivo não costumo incluí-lo nos meus caminhos, quando estou sozinha. Mas a presença de Seu Pedro (não perguntei o sobrenome) e de um rapaz que fazia seu cooper diário me encorajaram a fazer o percurso.
Prestou não. O Rio está sujo, mas mesmo assim continua lindo. E o sol parece ter excitado os pássaros do mangue, que estavam cantando, fazendo festa. Seu Pedro disse que ia passar meia hora olhando a paisagem. “Moça, a beleza faz bem à saúde”, filosofou. Mas eis que, mais uma vez fico triste com a destruição das nossas árvores. Mesmo diante da exuberância do mangue.

Na calçada, no final da minha caminhada por aquele trecho que muitos o evitam porque o consideram “esquisito” e “perigoso” me defronto, mais uma vez com cenas do arboricídio praticado contra o patrimônio verde do Recife, que – como costumo dizer – está se transformando na capital nacional dos toquinhos. Em um trecho que percorro em menos de cinco minutos me defrontei sabe com quantas árvores assassinadas? Três.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife