Nativa do Brasil – e muito comum nas regiões do Cerrado e da Caatinga – a sucupira é uma árvore que no Recife ainda embeleza praças, calçadas, parques, além de ser muito procurada pela população para uso medicinal. Mas lembro que quando era criança, os vendedores de lojas de móveis usavam o nome “sucupira” como atestado da boa qualidade da matéria prima utilizada. Nem sei se a “propaganda” era verdadeira ou enganosa. Mas recordo bem dos vendedores dizerem: “pode levar, é garantido, é de sucupira”.
A espécie é conhecida pela sua exuberância. E dela havia um bonito exemplar Praça de Casa Forte, que tombou durante o temporal da madrugada da sexta-feira (16/02). Ou seja, não foi culpa da motosserra insana nem se trata de arboricídio. Mas todo mundo lamentou a perda. Moradores do entorno comentaram a beleza que era o chão da Praça coberto de flores que, segundo eles, caíam de uma vez formando um bonito tapete. Uma pena que a planta tenha desabado. O seu tronco partiu-se e segundo frequentadores da Praça a sucupira vinha sofrendo ataque de cupins. Será que se ela tivesse sido tratada a tempo teria sido poupada?
Como se sabe, a Praça de Casa Forte é um dos quinze “jardins históricos” do Recife, que são aqueles que têm a assinatura de Roberto Burle Marx (1909-1994), considerado um dos maiores paisagistas do mundo. Além de “jardim histórico”, a Praça tem importância peculiar. Foi o primeiro projeto de paisagismo em área pública implantado pelo também arquiteto, na década de 30 do século passado, quando residiu no Recife. Com 14.148 metros quadrados, a Praça é também tombada pelo IPHAN. No passado, era famosa pelas vitórias régias nos seus espelhos d´água. Mas as plantas amazônicas sucumbiram há décadas e nunca foram recolocadas.
Ao fazer o projeto da Praça de Casa Forte, Burle Marx idealizou três espaços distintos: diversidade de espécies brasileiras no primeiro (próximo à Avenida Dezessete de Agosto), incluindo as da Mata Atlântica. No segundo, que é central, ele optou por plantas amazônicas (como o açaí e o pau mulato). No terceiro, já próximo à Matriz de Casa Forte, o paisagista decidiu cultivar espécies exóticas adaptadas à paisagem brasileira, como flamboyant e o felício. Com o tempo, esse rigor foi se acabando e hoje há espécies que se misturam nos canteiros.
Sobre a planta que caiu, a Emlurb se limitou a divulgar uma lacônica nota, informando que os restos mortais da árvores serão recolhidos, ainda hoje. Porém não disse quando será feita a reposição da planta. Nem se será. De acordo com a Neonergia, pelo menos 65 árvores caíram no estado durante o temporal, a maior parte na Zona da Mata e Região Metropolitana.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife