Parem de derrubar árvores (345)

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Esse flagra é da amiga e leitora Sofia de Paula, que – como eu – tem sentido revolta com o que está acontecendo com o patrimônio verde do Recife. Como se não bastasse a “selva de concreto” em que a cidade está se transformando, o cuidado com o verde está cada dia pior.

Por onde se passa, observa-se marcas ou cenas em que a protagonista, mais uma vez, é a motosserra insana. E haja arboricídio! “Prefeitura em ação… mais uma árvore que tomba “, lembra ela, enviando fotografia com o desabafo para o #OxeRecife que, desde 2017, deflagrou a campanha #ParemDeDerrubarÁrvores, em defesa de uma cidade mais verde, mais aprazível, com melhor conforto térmico. Para atingir essas melhoras, no entanto, é preciso que seja poupado o patrimônio verde que resta nas calçadas, nas praças, nos parques, nos jardins públicos e até mesmo nos quintais e jardins externos. Infelizmente, no entanto, essa não parecer ser a preocupação dos nossos gestores, uma vez que é fácil de se perceber que a reposição das vítimas do arboricídio nem de longe chega ao número do total que foi derrubado. “Olhando sempre à direita, na ida e na volta, é claro que se viam os dois lados do caminho, as edificações e as paisagens, as águas, rios, alagados, camboas, viveiros, água por todos os lados  e árvores viçosas por todos os cantos”. O  relato é  Polycarpo Feitosa (1867-1955), no livro Dois Recifes.

Na publicação, ele compara a cidade onde viveu no século 19 e décadas depois, quando voltou à nossa capital. Já naquela época, ele falava das mudanças para pior, do avanço do concreto, dos aterros, da praia onde tomava banho de mar, ao lado do Forte do Brum. Se, ali, no bairro do Recife, junto à fortaleza, havia uma praia. O mar também chegava onde é, hoje, a Rua da Praia, no bairro de São José.  Então, ninguém é contra o desenvolvimento. Mas não custa nada conciliar o crescimento da cidade com a manutenção da natureza. A mais recente vítima de arboricídio fica na Rua Feliciano Gomes, no Derby, bem pertinho do Centro do Recife, este já quase transformado em ilha de calor. E esta árvore que Sofia nos envia, pelo que se percebe, não é poda não. É degola mesmo.

Abaixo, outras vítimas de arboricídio que nos foram enviadas pela assistente social Sofia de Paula. E veja,  também, o que dizem sobre as árvores escritores como Gilberto Freyre,  Hemingway e Stendhal.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Sofia de Paula / Cortesia

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