Parece que durante o isolamento social provocado pela pandemia, a motosserra insana correu solta no Recife. É só botar o pé na rua, para se defrontar com a “multidão” de troncos degolados, que atestam – mais uma vez – a existência da prática de arboricídio na nossa cidade, já tão carente de verde. Desde 2917,o #OxeRecife vem fazendo o registro – com foto, endereço e data – das árvores guilhotinadas, que são encontradas em calçadas, parques, jardins e na orla de rios e praias da cidade.
Chegamos ao post número 250, o que é uma realidade muito triste, pois é fácil constatar que a ma árvores erradicadas, em sua grande maioria, não tiveram reposição. Normalmente, esse triste “necrológio” é feito durante minhas caminhadas matinais, que mostram até o momento 482 baixas no verde da cidade no período. Em 2020, com a pandemia e o isolamento social, o monitoramento efetuado pelo Blog foi reduzido. Mas mesmo assim, só no último mês (de 6/6 a 7/7), flagramos 37 erradicações no Recife. Imaginem só, se estivéssemos nas ruas, fazendo as caminhadas habituais como antes. Esse número dobraria. Com certeza!
O tronco degolado da foto superior fica na Rua Bebinho Salgado, no bairro de Apipucos, Zona Norte do Recife. Como é fácil perceber, era uma planta robusta. Passei caminhando naquela via em uma manhã. E em uma tarde – três dias depois – ela estava daquela forma: no chão. Um morador de uma rua vizinha – a Governador Seabra – informou que a árvore estava doente, motivo pelo qual teria sido eliminada. Mas passei lá hoje e a situação é a mesma: não foi feita a retirada do “tamborete”. Também não foi plantada uma outra árvore ou muda, no mesmo lugar, para substituir a que foi retirada.
O mesmo morador disse ao #OxeRecife que na sua calçada havia um fícus que precisou ser sacrificado porque estava danificando as estruturas do imóvel. E fícus danifica mesmo, pois é uma planta que precisa de muito espaço por conta de suas raízes agressivas e poderosas. Embora seja um árvore belíssima, ela não deve ser plantada perto de alvenaria, blocos de cimento, porque é uma espécie que luta com muita força pelo seu espaço. “Pedi tanto à Prefeitura para fazer o plantio de uma espécie adequada, mas desistir de solicitar”, reclamou, embora o poder público informe que esse tipo de atendimento é imediato. Não é, pelo que se vê. Na Praça de Casa Forte, que é jardim histórico, tombou uma árvore adulta. Os restos mortais foram recolhidos, mas também não há sinal de reposição na área.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife