Mais uma cena triste. Cada vez me convenço mais de que o Recife é realmente palco, talvez, do maior arboricídio urbano do Brasil. Todos os dias, infelizmente, me deparo com mais uma vítima da motosserra insana, que parece mesmo não ter dó de quem só nos faz o bem: nos fornece sombra, frutos, colírio para os olhos e nos dá o ar que se respira.
Essa vítima, a mais recente fica na Avenida Dezessete de Agosto, por onde caminhei hoje de manhã. Ela dava muita sombra a quem passava nessa calçada, bem pertinho de uma parada de ônibus, na altura do Poço da Panela. Mas a guilhotina foi cruel e deixou exposta sua marca, como se pode ver na foto. Já que a árvore foi assassinada, é necessário que seja efetuado o plantio, o quanto antes, de uma outra.
Uma colega que mora no mesmo bairro me relatou que na rua onde reside, houve uma podação tão exagerada que ela tomou um susto, ao regressar para sua casa, à tarde. A rua, antes sombreada, virou um clarão. Ela relatou que depois do “cuidado” oficial com as árvores da via, a temperatura da rua subiu. E muito. A degola e o excesso de concreto já vem provocando ilhas de calor em vários pontos do Recife. E, do jeito que as coisas vão, a cidade vai virar toda uma ilha de calor imeeeeeeensa.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife