Parem de derrubar árvores (178)

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Meu Deus, acordar de manhã e, logo cedo, defrontar-se com uma cena dessa… Realmente, dá vontade de chorar. Essa mais recente vítima do arboricídio (que assola o Recife) era a única árvore frondosa da Rua Jacó Velosino, que fica no bairro de Casa Forte, Zona Norte do Recife. E embora não estejamos em época de safra – que normalmente ocorre no verão – veja só a quantidade sacrificada de frutos com o extermínio dessa pobre mãe, tão silenciosa e indefesa.

A vítima fica em imóvel que dá a lateral para a Jacó Velosino e a frente para a Avenida Dezessete de Agosto, onde funciona um curso de Inglês.  A mangueira, em fase produtiva, como vocês observam na foto, estava na calçada do curso. Uma moradora antiga da rua me informou, no entanto, que a planta ficava na área interna do imóvel. E que passou a ser externa, na calçada, depois que o muro foi derrubado para estacionamento. Será que o motivo da eliminação da mangueira foi o mesmo pelo qual derrubaram o muro? Caso positivo, sinceramente, é muita maldade. Em outros locais, como Salvador, presenciei iniciativas como a da foto abaixo, para que uma mangueira fosse preservada, e a queda de seus frutos não representasse risco para os frequentadores de um cinema que funciona no Museu Geológico da Bahia.

Exemplo do Museu Geológico da Bahia: ao invés de sacrificar a mangueira, coloca uma rede para evitar acidentes. Lindo!

A mangueira degolada do Recife era uma árvore generosa, com sua sombra e seus frutos. Não é a primeira vez que uma maldade ocorre com esse tipo de fruteira na nossa cidade. Lembram da do Rosarinho, na qual uma imobiliária injetava veneno com seringa até ela morrer, ser condenada, e assassinada? Felizmente, no caso do Rosarinho, a empresa foi não só multada, como obrigada a compensar o crime ambiental. No caso desta, vamos aguardar para ver o que acontece. Alô, alô, Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, está vendo isso não? Como é que fica essa situação? Árvore pode ser derrubada assim, com a naturalidade de quem remove um tijolo?

Quando vejo uma mangueira assassinada – seja em áreas privada ou pública – lembro logo das praças de Belém onde essas fruteiras são abundantes.  Devem ser consideradas deliciosas pelos pássaros. Porque em minha última visita à Capital do Pará, fiquei encantada com a revoada de jandaias e araras, em busca de alimento e abrigo nessas árvores. Aos finais da tarde, a festa é grande. Uma linda balbúrdia!  No Recife, quando chega o verão, as mangas viram sustento de muita gente. É comum ver duplas de homens – um empurrando o carro de mão e outro com a vara – para colher mangas em parques, jardins e quintais do Recife. Tanto a espada como a rosa, são muito apreciadas. E no verão, transformam-se em ganho de vida para muita gente. O que vai ser de todo esse pessoal, quando essa árvore sumir da paisagem do Recife? Sua presença, como se observa, é cada dia menor. Haja tristeza!

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife 

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