Oito árvores a menos no Recife, inclusive um fícus gigantesco. Semana passada, as redes sociais foram invadidas com imagens do corte de uma árvore imensa, que ficava na Rua Flor de Santana, no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife. A planta era realmente linda, e embora em área privada, sua sombra chegava na calçada da via. O seu sacrifício foi noticiado inclusive no site Antes que Suma, comandado pelo amigo Josué Nogueira. Pois bem, amigos, não foi só o fícus a única árvore assassinada. Ao todo, somam oito as sacrificadas no mesmo terreno, segundo me informou um funcionário da São Mateus, incorporador que precisa da área para construir o edifício Mica Vilaça.
Aqui no #OxeRecife, também choveram denúncias quanto ao destino do fícus, pois até os vizinhos reclamaram da erradicação de planta que tanto conforto dava a moradores, pedestres e ciclistas que passam por aquela rua. Nós reconhecemos que a espécie não é aconselhada para calçadas, jardins, áreas internas de condomínios nem na proximidade de construções. Isso porque suas raízes crescem bastante, têm realmente muita força e derrubam até muros. De acordo com o funcionário da São Mateus, elas já haviam provocado problemas hidráulicos e também levantado o piso da casa agora demolida que existia no local. De horizontal, ele ficou convexo. Mas são coisas da vida e é assim, que a natureza mostra a sua força.
Apesar dos problemas provocado pelo fícus na construção anterior (número 310, daquela rua), o #OxeRecife não deixa de lamentar não só o seu desaparecimento como das outras sete árvores (incluindo palmeiras), cujas erradicações foram liberadas pela Prefeitura. Fui lá conferir o arboricídio, e ao chegar, fui logo presenciando o barulho da motosserra insana. Duas, no caso. A planta era tão imensa, que foi necessário um batalhão de homens para acabar com ela. De acordo com o mesmo servidor da São Mateus, a “compensação” pelas 16 árvores retiradas será feita com 20 outras plantas, “provavelmente no projeto de paisagismo do jardim”. Como assim? Será que as plantas decorativas serão do mesmo porte das eliminadas? Provavelmente não.
Logo, as plantas decorativas de “reposição” não terão função equivalente na natureza. Portanto, além do jardim, não custava nada que os órgãos oficiais do Recife obrigassem a empresa a plantar mudas de árvores de grande porte em locais públicos carentes de arborização. No Recife há bons exemplos de projetos arquitetônicos que sofreram mudanças para preservação das árvores já existentes em locais destinados a novas edificações. Infelizmente, esse não parece ter sido o caso do Mica Vilaça, da São Mateus. Vamos aguardar a conclusão, para ver como será a reposição do verde que foi eliminado. Da parte do #OxeRecife, estamos sempre atentos às áreas verdes da cidade, sejam públicas ou particulares, neste Recife onde grande parte dos quintais já se foram e no qual o destino dos demais é mesmo sumir. E a cidade, cada vez mais quente… Só aqui no Blog, já somam 278 as árvores assassinadas em dois anos no Recife. Com direito a registro de foto, data e endereço.
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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife