Parem de derrubar árvores (16)

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Retomando minhas caminhadas mais prolongadas, me defrontei hoje com uma situação triste, ao passar pela Praça Souto Filho, no bairro da Jaqueira. Além de detonada, a Praça dos Cachorros, como é mais conhecida, é o palco mais recente da tragédia que inquieta os recifenses: a matança de nossas árvores. Pois hoje encontrei mais uma vítima de “assassinato”, desse que já se tornou um “genocídio”, nas ruas do Recife. E o corte foi tão recente, que o cheiro de pó de serra ainda estava no ar.

A Praça dos Cachorros, na Jaqueira, é pura desolação: cidade sem praças, cidade triste.
A Praça dos Cachorros, na Jaqueira, é pura desolação, o que contribui para deixar o Recife mais triste. Sujeira e mato seco.

Fiquei muito triste ao observar mais uma vítima da motosserra insana que ataca sem dó o nosso verde. Aliás, a Praça – que fica no meio da Rua Hoel Sette e defronte ao Parque da Jaqueira – está de fazer dó. Hoje tinha folhas acumuladas pelo chão, a grama totalmente morta, detritos esborrando na lixeira e folhas de palmeiras secas enfileiradas nas calçadas. Nos jornais locais, tenho visto leitores reclamando do abandono dessa Praça há mais de dois anos. Moradores do entorno se queixam da sujeira, dos bancos e brinquedos quebrados, da falta de segurança, embora haja um trailer da Polícia Militar, que fica de frente para o Parque. Tenho uma amiga que já foi roubada duas vezes  ao passar no local, em hora de grande movimento. Cada assalto, um celular – e dos bons – perdido.

Há pelo menos três anos, moradores do entorno reclamam da situação da Praça dos Cachorros
Moradores do entorno reclamam da situação da Praça dos Cachorros, abandonada à própria sorte, apesar da localização.

Na manhã dessa quarta, pelo menos, havia homens trabalhando na Praça dos Cachorros. E só uma pessoa estava sentada em seus bancos imundos.  Há montes de pedras no meio da Praça – paralelepípedos – e espero que eles não sejam usados para fazer calçamento nos locais onde existia o gramado.  Queremos o gramado de volta. Irrigado e verde, como deve ser, coisa cada vez mais rara na nossa cidade. É incrível como no Recife espera-se que tudo seja destruído, para que se tome, finalmente uma providência. Será que não era mais barato zelar pela manutenção do local, evitando-se gasto desnecessário do dinheiro público? Aliás, do nosso dinheiro? Porque do jeito que a Praça está, qualquer obra ali equivale praticamente a começar de novo. Só espero que não derrubem as árvores restantes como já fizeram com a vítima de hoje, para que se coloque plantas novas nos canteiros. Sinceramente, OxeRecife.

Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

 

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