É voltar a caminhar, para me defrontar com novos toquinhos daquilo que já foram árvores um dia, mas que terminaram decepadas pelo poder público. Ou que caíram, devido à falta de cuidado. O caso mais recente, constatado por #OxeRecife fica na Gomes Coutinho, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife. Segundo moradores e comerciantes daquela artéria, a planta estava atacada por uma praga popularmente conhecida por pulgão, e de nada adiantaram os apelos para que ela fosse tratada pelo poder público.
“Desde agosto de 2015 que percebi que a árvore estava com a saúde avariada. Já conhecia a praga, porque ela atacara uma árvore da minha residência, em Jaboatão dos Guararapes (Região Metropolitana). Por esse motivo, telefonei muitas vezes para a Emlurb, solicitando tratamento. Não adiantou nada. A Prefeitura nunca veio cuidar da planta”, relata a cabeleireira Cristina Soares, que possui um salão de beleza em frente à mais recente vítima da falta de cuidado com o verde da Capital.

“O pulgão é horrível. A árvore fica cheia de furinhos, ele suga tudo e ela termina morrendo. Telefonei várias vezes, para salvar a planta, mas não apareceu ninguém”, ratifica ela. “Em março de 2017, a árvore tombou. Caiu no meio da rua, que chegou a ficar interditada. Liguei para a Prefeitura, e com 20 minutos as equipes chegaram para derrubar o resto”, conta a profissional, referindo-se à motosserra insana que costuma assassinar nossas árvores, fato que tem gerado protestos nas ruas e redes sociais.
Nos muros, é fácil se ler apelo como “Parem de derrubar árvores”. O #OxeRecife se apropriou desse protesto anônimo para chamar nossa campanha em defesa do verde, contra a matança das árvores das áreas públicas da cidade. Para alguns internautas, como Cezar Martins, a ação da motosserra insana é tão frequente que o Recife já perdeu seu cheiro característico de mangues e flores. “Agora cheira a pó de serra”, desabafou ele recentemente em post no Facebook.
Cristina surpreendeu-se com a “rapidez” da Prefeitura para chegar ao local, e cortar o tronco da árvore. Para desobstruir a via, os galhos foram todos, e colocados em cima da calçada, onde ela mantém o seu salão de beleza. “Mas nunca vieram buscar o lixo. Nós pagamos a um carroceiro para retirar”, afirma. Também reclama que não houve reposição, fato visto com frequência no Recife, que está virando a capital nacional dos toquinhos. “Nenhuma muda foi colocada até hoje para substituir a planta que morreu”. Na mesma rua, outra árvore virou também um toco seco. Só não sei se vítima de poda radical ou do pulgão que matou a árvore vizinha.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife