“Em centenas de anos, não aprendemos a sentir o encanto de nossas árvores. Nem o valor. Porque se o sentíssemos, acima de considerações de ordem econômica, estaria o esforço a favor da árvore, da árvore da rua, da árvore ao lado ou ao redor das habitações”.
A colocação é do escritor Gilberto Freyre, em crônica escrita em 1920. Imaginem o que diria o sociólogo, em 2018, ao observar as ruas do Recife, onde é grande a quantidade de árvores decepadas, vítimas da motosserra insana, e dessa política equivocada de “arborização” da nossa cidade.
E por que lembrei do autor de Casa Grande e Senzala, ao ver as árvores decepadas? Porque durante esta semana, em uma das minhas caminhadas matinais, subi a ladeira Tasso de Souza Neto, que dá acesso não só ao Solar de Santo Antônio de Apipucos (hoje transformado em Casa Museu Gilberto Freyre), como ao Colégio Marista Nossa Senhora da Conceição, que fica na parte mais alta da via,
A rua é curta, mas entre o seu início e o seu final, computei nada menos de sete plantas decepadas, entre árvores decorativas, fruteiras e palmeiras. Uma verdadeira tristeza, e mais um dramático retrato do arboricídio registrado no Recife, fato que nos motivou a criar a série com a hashtag #ParemDeDerrubarÁrvores. E pararam?
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Texto e foto: Letícia Lins/ #OxeRecife