Na semana passada, tentei chegar ao Bairro do Recife, onde assistiria mais um jogo do Brasil, na Copa do Mundo. A intenção era me juntar a um grupo de mulheres, que pretendiam fazer parte da torcida na Bodega do Véio. Como o trânsito estava caótico, decidi retornar ao meu bairro, para ver o resto da partida em casa de parentes e amigos. Mas, parada no engarrafamento, me deparei com mais dois casos de arboricídio.
As vítimas estavam no canteiro central da Avenida Cais do Apolo e ambas são mais dois exemplos dos trancos e barrancos em que vive a arborização do Recife, cidade onde os tocos e árvores decepadas chamam a atenção pela quantidade, não só de nativos como de visitantes O problema já rendeu audiência pública na Câmara Municipal, motivou apresentação de projeto de lei limitando a prática, e vem provocando protestos nas redes sociais. Assim como tem feito surgir iniciativas privadas em defesa de replantio. Até um mutirão está sendo convocado pelo Grupo Amantes do Recife.
Primeiro, encontrei mais uma vítima da motosserra insana, um toco provavelmente de uma palmeira, transformado em tamborete. Dali, nada mais brotará. Mais uma baixa, provocada pelo arboricídio. E, também, nada plantaram para substituir a planta “erradicada”, nome usado no jargão oficial para definir as árvores assassinadas de ruas, praças e jardins do Recife. Depois, me defrontei com um resto de uma outra palmeira, no mesmo canteiro.
No entanto, não há como definir o que aconteceu com a segunda, no que parece ter sido uma doença que a atacou. Em todo caso, se morreu naturalmente, era para ter sido removida e substituída, e não ter sido deixada como um cadáver insepulto, no meio da cidade. Ou seja, a cena choca. E revolta, porque a cada árvore eliminada, pelo menos duas teriam que ser plantadas. Mas reposição de árvores não é uma prática tão comum na nossa cidade. Pelo menos, é o que nos diz as ruas. E isso é triste, muito triste.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife