Em 2015, foi uma grande polêmica, quando 40 árvores da Avenida José dos Anjos estiveram ameaçadas pela motosserra insana, para obras de urbanização naquela área, que incluía a implantação de ciclovia. A gritaria a favor das manutenção das plantas foi tão grande que até ciclistas contestaram a obra. “Derrubar árvores para fazer ciclovia gera solução para o ciclista, mas cria um problema para toda a sociedade”, afirmou, na época, a Ameciclo. “Solicitamos que o projeto seja viável e discutido com a toda a comunidade”.
A polêmica foi noticiada na imprensa local, em agosto daquele ano, quando as árvores destinadas ao arboricídio ganharam fitas vermelhas de protesto e advertência. E foram marcadas com placas com frases como “Não mereço morrer”. Eu mesma cheguei a registrar a confusão, na coluna JC nas Ruas, da qual eu era titular, quando trabalhei por um ano no Jornal do Commercio, aqui no Recife. De lá para cá, pouca coisa mudou. A sujeira do Canal do Arruda permanece grande, embora duas vezes por ano ele conte com operação gigante de limpeza. E as árvores, felizmente, lá ficaram, sombreando a via.
Durante a Semana do Meio Ambiente, a José dos Anjos ganhou 50 mudas, no trecho compreendido entre a Avenida Beberibe e a Farias Neves. Entre as espécies, havia ipê (rosa e roxo, que são lindos) e pau-de-jangada (que está bem ameaçado). De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, Bruno Schwambach, 400 mudas serão plantadas em nove bairros da cidade, ao longo do mês. Aplausos! Quanto mais tivermos árvores, melhor para o clima dessa cidade quente, neste “pa-tro-pi”, como canta Jorge Benjor, ao definir nosso Brasil, país tropical.
Agora, custa nada plantar logo nos mesmos locais onde as árvores foram degoladas e viraram tocos? Está no tempo de se introduzir mudanças na política de arborização do Recife, onde já se observa diferença de mais de cinco graus em um mesmo bairro? É a diferença entre as áreas arborizadas e as dominadas pela aridez do concreto. Uma das vias com arborização em canteiros centrais é a Mário Melo, no bairro de Santo Amaro. Mas, mesmo lá, encontrei “tamboretes” no meu caminho, em um roteiro entre a Jaqueira e o Centro, que fiz com o Grupo MeninXs na Rua. É só andar para ver. Toco de árvore no Recife é o que não falta. Só aqui no #OxeRecife, computamos 197 desde 2017. Quando penso que fiz o último registro… aparecem vários, na minha frente. Na Mário Melo, felizmente, uma vítima da tentativa de arboricídio voltou a ter verde por perto. Não lembro se voltou a brotar ou se ganhou uma muda ao lado. Mas a outra, ficou lá. Sem uma folhinha, como mostram as fotos.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife