Para que tanta fumaça? Poluir, jamais

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Não se sabe de onde vem essa mania de tocar fogo em tudo. No interior, muitos agricultores têm a mania de queimar o mato, antes do plantio. Na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal, os incêndios fizeram estragos feios, em 2020.  Aconteceram até no Sertão, no Nordeste brasileiro. Aqui mesmo, em Pernambuco. No Recife, em plena área urbana, tem gente que ao invés de juntar o lixo para a coleta, prefere isso daí que vocês estão vendo nas fotos enviadas por uma leitora do #OxeRecife, que não gosta de se identificar.

Foi nesta semana,  quando ela transitava entre a Soledade e o Bairro da Boa Vista.  Tomou um susto com a “névoa” de fumaça.  “O fogo estava pegando em um dos estacionamentos da Universidade Católica (Unicap) que fica entre as ruas da Soledade e a do Príncipe”, informa. E reclama:”… poluindo o ambiente…”. E acrescenta: “Incrível, que era bem perto do Corpo de Bombeiros, com  a fumaça chegando na frente da Companhia Energética de Pernambuco.” A Celpe, como é mais conhecida, fica na Avenida João de Barros. “Mas a fumaça estava tomando até Rua  Afonso Pena”, diz ela, referindo-se à via que fica entre os bairros de Boa Vista e Santo Amaro.

Poluir não é tudo, no entanto. Essa prática de juntar folhas secas, e tocar fogo é um grande perigo, não só em áreas rurais, mas também nos perímetros urbanos. Com esse calor, basta um vento forte e um mato seco, para que as labaredas  se alastrem até escritórios e residências. No bairro de Apipucos, onde resido, ainda restam  quintais e sítios. E os moradores também vivem fazendo incêndios com folhas secas, após as varrições.  É até preciso recolher correndo a roupa que está secando no varal, para não ficar com cheiro de fumaça e cheia de fuligem. Não lembro se em 2020 ou no início de 2021  (com essa pandemia a gente perde até a noção do tempo) em um dos maiores sítios do bairro, o zelador capinou, juntou as folhas secas e fez uma fogueira.O sítio pertence a um seminário da Igreja Católica.

O fogo se alastrou tanto que por pouco não destruiu as casinhas que ficam na margem do Capibaribe, fincadas quase no mangue, entre o sítio e o rio. Era cada labareda enorme, que chegou bem pertinho,  também, do muro de minha casa. Então, para que queimar se tem coleta? É melhor não correr o risco nem colocar os outros em risco também. E para que poluir tanto o ar que se respira, se há outra alternativa  mais civilizada quanto ao destino do lixo?

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos de leitora / Cortesia

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