Todos nós sabemos que o momento é de união, de solidariedade, de esquecer divergências políticas, porque a situação é muito grave e, mais importante do que tudo, é a preservação das vidas humanas. A gente não pode, no entanto, fechar aos olhos à crise que se abateu na segunda-feira nos círculos políticos de Brasília, com a ameaça de exoneração de toda a cúpula do Ministério da Saúde, inclusive do titular da Pasta, Luiz Henrique Mandetta. E isso em plena pandemia, porque o Presidente Jair Bolsonaro parece estar incomodado com a projeção que seu auxiliar ganhou nos meios de comunicação, no comando de medidas contra o coronavírus. E, pelo menos aparentemente, o Ministro tem mostrado serenidade na condução da crise e tomado iniciativas, respaldado pelo embasamento científico.
Ele esteve perto da degola, a tempo de limpar suas gavetas. Caso fosse demitido, seus principais assessores também sairiam. A confusão e o risco que o Brasil correu de ficar com seu setor de saúde acéfalo de repente – em meio a uma crise “sanitária, econômica, social e política” – levaram seis instituições a divulgar hoje um documento em defesa de “um pacto pela vida e pelo Brasil”, através do qual seis instituições sugerem a formação “de uma ampla aliança para enfrentar a grave crise sanitária, econômica, social e política que vive o país”. E defendem: “É hora de entrar em cena no Brasil o coro dos lúcidos, fazendo valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a nossa sociedade em um tempo, de fato, novo”. No documento, as instituições pedem “soluções conjuntas para o bem comum, particularmente para os mais pobres e vulneráveis”. Lembram o desafio imenso em que a humanidade está sendo colocada à prova, “com a vida humana em risco”.
![](https://oxerecife.com.br/wp-content/uploads/2020/04/abril2020coronavirusfaixa-1.jpg)
No texto, pedem para repudiar recomendações que questionam a eficácia da estratégia de isolamento colocando em risco a saúde e sobrevivência do povo brasileiro. “Em contrapartida, devemos apoiar e seguir as orientações dos organismos nacionais de saúde, como o Ministério da Saúde, e dos internacionais, a começar pela Organização Mundial de Saúde – OMS”. Em seguida, falam das diferentes formas de combater a pandemia. “Os países democráticos atingidos pelo COVID-19 estão construindo agendas e políticas para combatê-lo de maneira própria, segundo suas características, mas, todos, sem exceção, na colaboração estreita entre sociedade civil e classe política, entre agentes econômicos, pesquisadores e empreendedores, convencidos de que a conjugação de crise epidemiológica e crise econômica assume tal magnitude, que só um amplo diálogo pode levar à sua resolução. É hora de entrar em cena no Brasil o coro dos lúcidos, fazendo valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a nossa sociedade em um tempo, de fato, novo”.
O documento critica “a insensatez das provocações e dos personalismos”, para que as autoridades possam “se ater aos princípios e aos valores sacramentados na Constituição de 1988”, lembrando que “a árdua tarefa de combate à pandemia é dever de todos, com a participação de todos — no caso do Governo Federal, em articulada cooperação com os governos dos Estados e Municípios e em conexão estreita com as nossas instituições”. As entidades sugerem conjunto de soluções assertivas para salvaguardar a vida, sem paralisar a economia.
“Em face da expansão da pandemia e de suas consequências, é imperioso que a condução da coisa pública seja pautada pela mais absoluta transparência, apoiada na melhor ciência e condicionada pelos princípios fundamentais da dignidade humana e da proteção da vida. Reconhecemos que a saúde das pessoas e a capacidade produtiva do país são fundamentais para o bem-estar de todos. Mas propugnamos, uma vez mais, a primazia do trabalho sobre o capital, do humano sobre o financeiro, da solidariedade sobre a competição”. Assinam o texto: Dom Walmor Oliveira de Azevedo (presidente da CNBB), Felipe Santa Cruz (presidente da OAB-Nacional), José Carlos Dias(presidente da Comissão Arns), Luiz Davidovich (presidente da ABC), Paulo Jeronimo de Sousa (presidente da ABI) e Ildeu de Castro Moreira (presidente do SBPC). No dia Mundial da Saúde, o documento foi encaminhado ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; ao presidente do Senado Federal, David Alcolumbre; ao ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF); e também para governadores.
O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde mostra que há 352 casos do Covid-19 em Pernambuco. Destes, 129 foram confirmados nas últimas 24 horas. O total de óbitos chega a 34.
Leia também:
Boa Viagem ainda mais deserta
Corona: Cadê a distância necessária?
Corona: Cuidado com o pão nosso
Coronavírus: ronda policial fiscaliza parques
Noronha entra em quarentena
Coronavírus: praias e parques fechados no final de semana
Coronavírus e a rede de solidariedade
Corona: Vem álcool 70 por cento por aí
Prorrogado pagamento de ISS no Recife
Pandemia: Prefeitura revê contratos
Pandemia: Lar do Nenen precisa de ajuda
Pandemia: Plaza Shopping muda marca
Fecham a partir de sábado: shopping centers,
Pandemia: Conselho Regional de Química produz álcool
Aglomerações só com dez pessoas? Decreto não vale para a CEF
Pandemia: máscaras ecológicas
Coronavírus e o espírito solidário
Grupo Moura: das baterias à fabricação de máscaras contra o coronavírus
Coronavírus já matou três em PE
Bia: Remédio contra o confinamento
Cientistas contestam Bolsonaro
Voltar à normalidade, como? “Gripezinha”, resfriadinho ou genocídio?
Pandemia mexe até com os bichinhos
Magiluth busca estratégia de sobrevivência
Após reclamações, cestas básicas para 90 mil alunos
Pandemia: pensar no coletivo é preciso
Novos leitos, 35 casos e repartições com atendimento remoto
PE, coronavírus: 33 casos e três curados
Sem festa, mas com cachê garantido
Pernambuco tem a primeira cura do coronavírus
Comércio, serviço e construção vão parar
Governo de Pernambuco inicia embarque de turistas de navio retido
Fecham a partir de sábado: shopping centers, bares, salões de beleza, etc
Cultura roída pelo coronavírus
Câmara quer suspender cortes de água e luz
Questionada a merenda do coronavírus
Coronavírus traz fantasma da fome
Pandemia: Igreja em quarentena
Aulas suspensas a partir de 18/3
Coronavírus: sete casos em Pernambuco e povo sem direito a futebol em campo
Recife quase parando devido ao corona
Brasil, Recife, pandemia e eventos
Corona vírus, fantasia e polícia
Colabore com o Fazendo Acontecer
Nóis sofre mais… nóis goza
Nóis sofre mais nóis goza é só folia
Ciclofaixa de lazer está suspensa
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Andréa Rego Barros / Divulgação /PCR