Pandemia: “Coro dos lúcidos” e “opção por escolhas científicas”. PE: 352 casos

Todos nós sabemos que o momento é de união, de solidariedade, de esquecer divergências políticas, porque a situação é muito grave e, mais importante do que tudo, é a preservação das vidas humanas. A gente não pode, no entanto, fechar aos olhos à crise que se abateu na segunda-feira nos círculos políticos de Brasília, com a ameaça de exoneração de toda a cúpula do Ministério da Saúde, inclusive do titular da Pasta,  Luiz Henrique Mandetta.  E isso em plena pandemia, porque o Presidente Jair Bolsonaro parece estar incomodado com a projeção que seu auxiliar ganhou nos meios de comunicação, no comando de medidas contra o coronavírus. E, pelo menos aparentemente, o Ministro tem mostrado serenidade na condução da crise e tomado iniciativas, respaldado pelo embasamento científico.

Ele esteve perto da degola, a tempo de limpar suas gavetas. Caso fosse demitido, seus principais assessores também sairiam. A confusão e o risco que o Brasil correu de ficar com seu setor de saúde acéfalo de repente – em meio a uma crise “sanitária, econômica, social e política” –  levaram seis instituições a divulgar hoje um documento em defesa de “um pacto pela vida e pelo Brasil”, através do qual seis instituições sugerem a formação “de uma ampla aliança para enfrentar a grave crise sanitária, econômica, social e política que vive o país”. E defendem: “É hora de entrar em cena no Brasil o coro dos lúcidos, fazendo valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a nossa sociedade em um tempo, de fato, novo”. No documento, as instituições pedem “soluções conjuntas para o bem comum, particularmente para os mais pobres e vulneráveis”. Lembram o desafio imenso em que a humanidade está sendo colocada à prova, “com a vida humana em risco”.

Entidades como CNBB, OAB e SBPC divulgaram documento em que defendem o isolamento como forma de evitar propagação do Covid-19

No texto, pedem para  repudiar recomendações que questionam a eficácia da estratégia de isolamento colocando em risco a saúde e sobrevivência do povo brasileiro. “Em contrapartida, devemos apoiar e seguir as orientações dos organismos nacionais de saúde, como o Ministério da Saúde, e dos internacionais, a começar pela Organização Mundial de Saúde – OMS”. Em seguida, falam das diferentes formas de combater a pandemia. “Os países democráticos atingidos pelo COVID-19 estão construindo agendas e políticas para combatê-lo de maneira própria, segundo suas características, mas, todos, sem exceção, na colaboração estreita entre sociedade civil e classe política, entre agentes econômicos, pesquisadores e empreendedores, convencidos de que a conjugação de crise epidemiológica e crise econômica assume tal magnitude, que só um amplo diálogo pode levar à sua resolução. É hora de entrar em cena no Brasil o coro dos lúcidos, fazendo valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a nossa sociedade em um tempo, de fato, novo”.

O documento critica “a insensatez das provocações e dos personalismos”, para que as autoridades possam “se ater aos princípios e aos valores sacramentados na Constituição de 1988”, lembrando que “a árdua tarefa de combate à pandemia é dever de todos, com a participação de todos — no caso do Governo Federal, em articulada cooperação com os governos dos Estados e Municípios e em conexão estreita com as nossas instituições”. As entidades sugerem conjunto de soluções assertivas para salvaguardar a vida, sem paralisar a economia.

“Em face da expansão da pandemia e de suas consequências, é imperioso que a condução da coisa pública seja pautada pela mais absoluta transparência, apoiada na melhor ciência e condicionada pelos princípios fundamentais da dignidade humana e da proteção da vida. Reconhecemos que a saúde das pessoas e a capacidade produtiva do país são fundamentais para o bem-estar de todos. Mas propugnamos, uma vez mais, a primazia do trabalho sobre o capital, do humano sobre o financeiro, da solidariedade sobre a competição”. Assinam o texto: Dom Walmor Oliveira de Azevedo (presidente da CNBB), Felipe Santa Cruz (presidente da OAB-Nacional), José Carlos Dias(presidente da Comissão Arns), Luiz Davidovich (presidente da ABC), Paulo Jeronimo de Sousa (presidente da ABI) e Ildeu de Castro Moreira (presidente do SBPC). No dia Mundial da Saúde, o documento foi encaminhado ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; ao presidente do Senado Federal, David Alcolumbre; ao ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF); e também para governadores.

O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde mostra que há 352 casos do Covid-19 em Pernambuco.  Destes, 129 foram  confirmados nas últimas 24 horas. O total de óbitos chega a 34.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Andréa Rego Barros / Divulgação /PCR

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