Pandemia: Luz no breu da solidão

Arquiteta e urbanista,  louca por praia, pela boa mesa com os amigos e que adora um passeio,  Vilna Amélia Ferreira Serpa  sabe o quanto é duro sobreviver à solidão compulsória do seu apartamento, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife.

Para quem gosta de viver as ruas, foi um sofrimento viver o lockdown decretado pelo avanço da pandemia que obrigou milhares de pessoas  ao confinamento, “em quadrados” da sala, do apartamento, do quarto, no Recife. Não foi fácil. Mas muita gente, como ela, descobriu alternativas de sobreviver ao caos. Vilna é uma das expositoras da mostra (Em) quadrados: Olhares em Quarentena, que será inaugurada às 17h desse sábado (5/12), em caráter apenas virtual. Vilna tem passagem por vários órgãos públicos, como  Fidem, Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, Prodetur, Promata. Também prestou serviços a Suape. Mas a fotografia nunca foi tão importante quanto durante a pandemia. Hoje ela integra o Grupo Voos Fotográficos.

O Grupo é  liderado pela fotógrafa venezuelana Gisele Carvallo, que decidiu oferecer cursos virtuais de fotografia durante o pior momento da pandemia. Os trabalhos entram na Web a partir das 17h de hoje. E vocês podem conferir no site www.enquadrados.com.br. E observar, também, os sentimentos dos demais expositores, alguns dos quais nem saíram do limite do confinamento para produzir belas fotos. Houve quem ficasse de olho no quintal de casa, no jardim, na janela, observando o nascer e o crepúsculo, os pingos d´água, as borboletas.  No caso de Vilna, ela retratou até os bibelôs que possui, coletados ao longo de muitas viagens (foto ao lado). Isso quando o mundo ainda não tinha o confinamento social como principal arma contra a propagação da Covid-19. Também fez registros do que viu em suas primeiras  saídas, após o lockdown (fotos acima).

Veja o depoimento que ela dá, na exposição virtual que entra no ar no site www.enqudrados.

“Meus dias de quarentena, como os dias da maioria das pessoas do mundo, principalmente aquelas com maior risco de se serem acometidas pelo Covid-19, vinham se tornando uma sequência de dias de muita angústia e solidão. Dias de tristeza, de medo do desconhecido, de medo da morte. Dias de saudade dos entes queridos e dos alegres encontros com os amigos. Isso tudo, somado, me provoca um peso no coração. Precisava de algo que me desse alento àqueles dias de dor. De repente, me vi  diante da possibilidade de fazer um curso de fotografia para celular on line. Vi no curso uma maneira de preencher, de forma prazeirosa, o vazio que vinha se tornando a minha vida. Apesar de gostar de bater fotos, nunca tinha me proposto a aprender novas técnicas e ensinamentos. Um dia, a professora em uma aula falou: “fotografia é luz”. Vislumbrei que aquela era uma oportunidade. Eu também precisava ver uma luz no fim do túnel E fui ficando cada vez mais curiosa com o mundo encantado da fotografia,  que nos mostra o quanto de beleza e de arte estão contidas nas coisas mais simples. Focar o belo através de um click do meu celular, passou então a fazer parte de minha vida, o que tornou mais leve e suportável as limitações e angústias desse tempo tão incerto que estamos vivendo”

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Vilna Amélia Ferreira Serpa/ Grupo Voos Fotográficos

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