Pandemia atrapalha produção de mudas para a Mata Atlântica

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Quando dezembro chegar, começa a temporada de coleta de sementes no Parque Estadual de Dois Irmãos. Elas se destinam a alimentar seu viveiro florestal, que tem capacidade para produção de 100 mil plantinhas por ano. Infelizmente, devido à pandemia, esse objetivo ainda não foi alcançado. E, pelo menos por enquanto, a produção está em 6 mil unidades anuais, quantia bem inferior ao planejado para o final deste ano. Mas mesmo assim, a produção  já ajuda na tarefa de restaurar a Mata Atlântica, que vem a ser um dos biomas mais ameaçados do mundo.

O Viveiro Florestal foi implantado com recursos de compensação ambiental, funciona no interior do Pedi e conta com a dedicação diária do biólogo Clóvis Cabral e de dois servidores que fazem sua manutenção. Há, ainda, um grupo de colaboradores, que tiveram que se ausentar, diante da necessidade de isolamento social. “Uma das atribuições dos voluntários do Pedi é a manutenção do viveiro, porém essas atividades encontram-se temporariamente inativas, em virtude da pandemia”, lamenta Marina Falcão Rodrigues, que também é bióloga do Parque. Segundo Marina, o  propósito do viveiro é a produção de mudas nativas de Mata Atlântica para reflorestamento na área do Pedi e da APA Aldeia-Beberibe, que se espalha por  oito municípios e que funciona como uma espécie de pulmão da Região Metropolitana (foto abaixo).

Viveiro de mudas do Pedi vai ajudar a repovoar a APA Aldeia Beberibe espécies nativas. APA pega oito municípios.

As mudas também servirão para outras regiões do estado, onde haja necessidade de plantio. Entre as espécies cultivadas encontram-se pau-brasil, pau-de-jangada, jenipapo, ipê-amarelo, ipê-roxo, imbiriba, periquiteira, araticum, ingá e oiti. Mas o viveiro não atende só a instituições públicas. As doações são realizadas mediante ofício de solicitação , indicando a quantidade e o propósito da ação. As instituições que normalmente solicitam as mudas são escolas, ONGs, prefeituras, Secretarias estaduais ou municipais, Projeto Chapéu de Palha, Cepan (Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste). Em ações conjuntas entre a Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) e municípios, já foram enviadas mudas  até para o Agreste, em cidades como Gravatá  e Panelas. O viveiro é mantido pelo Governo do Estado, via Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PE), que administra o Pedi.

Além das doações de mudas, o viveiro faz parte do roteiro das monitorias realizadas no Parque (que, no entanto, ainda  está fechado,  devido à pandemia). As monitorias são realizadas com grupos previamente agendados. “Porém, qualquer visitante que esteja no zoológico do Pedi, pode conhecer e obter informações sobre o viveiro e as espécies ali cultivadas”, diz a bióloga. “Trata-se de um importantíssimo instrumento para ampliar o conhecimento da população sobre a Mata Atlântica, cuidados com as mudas, compostagem”, lembra . Ou seja,  o viveiro também auxilia na conservação da biodiversidade com a produção de mudas para restauração de áreas degradadas. E educação ambiental nunca é demais. Conhecê-lo, no entanto, só quando a rotina de atendimento do Pedi for normalizada. Eu o vi sendo implantado – durante uma caminhada com o Grupo MeninXs na Rua. E também fui socorrida uma vez ao precisar de três mudas de cajazeira, que haviam sido solicitadas por um amigo que reside em Salvador. Bati em todas as sementeiras públicas e particulares do Recife. E… nada. Foi o Viveiro do Pedi que me salvou. Só as encontrei lá, onde me foram cedidas com muita gentileza embora o habitual seja o destino a instituições e não a pessoas.  Mais a urgência da necessidade foi mais forte.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Semas-PE / Cprh / Divulgação

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