Foi um golpe grande para a população do Poço da Panela que, através das redes sociais, lamentou a degola de duas árvores em apenas uma semana. As duas guilhotinadas foram alvos de postagens aqui no #OxeRecife (ver links abaixo) e de muita indignação e pedidos de esclarecimentos em grupos de WhatsApp que reúnem moradores daquele bucólico bairro da Zona Norte. Primeiro, vi uma amendoeira sendo erradicada, na calçada do Bar Real, na Avenida Dezessete de Agosto.
Alguns dias depois, tomba uma palmeira imperial, lindíssima (foto à esquerda), a menos de dez metros da primeira vítima. Ao #OxeRecife, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) assumiu as degolas, justificando que as duas árvores estavam com doenças incuráveis e poderiam tombar, trazendo riscos para pedestres. A amendoeira inclusive fica vizinha a uma parada de ônibus.
Os tocos ficaram quase uma semana no local. Mas foram retirados. Ao caminhar depois pela mesma calçada, vi e postei nos grupos do bairro, as fotografias das duas mudinhas plantadas nas “covas” das duas falecidas de morte matada pela motosserra insana. Reclamei do tamanho mini das mudas e até falei que são incompatíveis com a movimentação em locais públicos, correndo risco de morte. Mas não está aqui mais quem falou. “Foram as duas mudas que consegui, uma palmeira e uma de pau-brasil”, me informa Ricardo Bandeira, morador do Poço da Panela e membro ativo dos movimentos comunitários não só do Poço, como de bairros vizinhos. Ele até colocou plaquinhas, mas uma delas já tinha sumido na sexta-feira. “Será que jogaram perto?”, indagou, quando disse que a placa tinha sumido. Mas no sábado, ninguém sabe por obra de quem, a placa reapareceu.
Estudante de Direito, Ricardo Bandeira é figura atuante em movimentos e iniciativas comunitárias do Poço da Panela, como o Jardim Secreto. A Emlurb informou, no entanto, que estava se preparando para fazer plantio no local das degolas, com mudas “adequadas” com dois metros de altura, que é tamanho mínimo recomendado pelo Manuel de Arborização do Recife. Vamos ver se chegam ou torcer para que as sementes de Ricardo vinguem e possam – no tempo adequado – cumprir o papel que a palmeira e a amendoeira desempenhavam na natureza. Ops… desempenhavam em meio nossa cada vez maior selva de concreto.
Leia também:
Palmeira e amendoeira tinham pragas
“Bora plantar?” Chame o 156
“Bora Plantar” está na rua
Parem de derrubar árvores (206)
Parem de derrubar árvores (207)
Parem de derrubar árvores (208)
Parem de derrubar árvores (204)
Parem de derrubar árvores (202)
Mangueira padece: furadeira e veneno
Maldade contra a árvore e contra o cidadão
Parem de derrubar árvores (102)
Parem de derrubar árvores (200): Degola no Poço da Panela
Parem de derrubar árvores (198)
Parem de derrubar árvores (199)
Charme: calçada para andar e sentar
Parem de derrubar árvores (53)
Parem de derrubar árvores (164)
Parem de derrubar árvores (183)
E o pedestre, como é que fica?
Parem de derrubar árvores (134)
Da árvore só restou o pó de serra
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife